Thursday, November 14, 2024

 


A ESPELTA

• Muito adaptada ao clima mediterrânico, a espelta era o cereal por excelência consumido pelos antigos etruscos e romanos – as suas origens levam-nos aos Alpes, há mais de 9.000 anos. É um cereal rústico, de origem nórdica, resistente ao frio, consumido há muito tempo, sobretudo nas montanhas (Alpes, Ardenas, Apeninos).

• Durante a Idade Média, a sua farinha era utilizada normalmente para confeccionar pão, adicionada à farinha de centeio – a palavra farinha deriva de farina, farro (espelta) em italiano.

• Botanicamente pertence à família do trigo, mas as suas utilizações culinárias particulares justificam que se considere como um cereal à parte dos outros trigos - tem a particularidade de se poder comer em grão como prato principal, como o arroz.

• Desaparecida durante muito tempo devido ao seu escasso rendimento produtivo, a espelta está actualmente revalorizada pelas suas propriedades nutricionais e por apresentar menos reacções alérgicas no que diz respeito ao trigo comum.

• Ao ser a sua casca muito difícil de eliminar, tem alta resistência a pragas e doenças, o que faz deste cereal ideal para o cultivo ecológico, pela sua resistência natural, sem necessidade de se recorrer a transgénicos nem a pesticidas.

• Existem várias variedades de espelta – as mais tenras são as melhores para se consumir em grão. É de natureza morna, tonificando a digestão. É muito útil, em pão, massas ou em cuscuz. Em pão, a sua farinha pode eventualmente ser misturada com farinha de trigo tenro, resultando um excelente pão.

PROPRIEDADES

• Tornou-se moda, graças a uma monja alemã, Hildergard von Bingen, que curava doenças, já no sec. XII, com dietas à base de cereais, parecidas com as actuais dietas.

• Foram muitos os seus usos curativos – usa-se quando o estado do fígado afecta a esfera digestiva, em especial em processos hepáticos crónicos ou em situações de excesso de tensão e humidade. É ligeiramente secante.

• Em caso de úlceras do duodeno (utilizar em massa o mais refinada possível, pois a fibra pode fazer mal) – se a úlcera não estiver aberta -, gastrite ou gases de origem tensional, diarreia, prisão de ventre, digestões fracas, colite e outras desordens intestinais.

• A sua principal característica nutricional é o seu poder antioxidante devido ao alto conteúdo em selénio que se opõe à formação de radicais livres.

• Rica em ácido silícico, um dos nutrientes mais necessários no nosso organismo, já que forma parte dos nossos tecidos e órgãos e que, junto com o magnésio, melhora a circulação sanguínea e o sistema imunológico.

• Tem um conteúdo muito baixo em glúten, que, ainda que o faça muito mais digerível e melhor tolerado no que diz respeito ao trigo por pessoas com pré disposição alérgica, não o torna adequado a celíacos.

• Tem muito pouca gordura e é rica em vitaminas dos grupos A, B, C, E, fibras e minerais, entre os quais destacam-se o fósforo, o sódio, o cálcio, o potássio e o magnésio.

• Nutritiva e de fácil digestão é um óptimo regulador intestinal muito bom para as crianças a partir do 7º mês de vida.

• Como os outros tipos de trigo deve-se demolhar umas 12 horas antes de cozinhar. Pelo seu lado, as massas alimentícias de espelta, são de fácil cozedura, saborosas e bem aceites. Coze em 1 h a 1h30m.

• Muito rica em magnésio, ajuda na dieta das pessoas idosas, ajudando a prevenir a osteoporose e nutrindo o sistema nervoso – também tem boas quantidades de ferro, fósforo, vitamina E e vitamina B (1, 2 e 3) e proteínas (ao conter os 8 aminoácidos essenciais, torna-se importante para vegetarianos e veganos).

• Como no caso do Kamut, há muita gente que é alérgica ao trigo candeal e não o é à espelta. Também é um trigo mais rico em nutrientes – proteína, gordura, fibras – que o normal (candeal).

• 100g de espelta contém: 34% da necessidade diária de vit. B3, 24% de B1, 43% de fibra dietética, 25% de ferro, 34% de magnésio e 149% de manganésio, 26% de cobre, 22% de zinco e 16% de selénio.

AUTORES DE REFERÊNCIA

• Clara Castellotti

• Jorge Soler

• Claude Aubert

 

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