ALOÉ
VERA barbadensis
CURIOSIDADES
§ O nome botânico “aloé” engloba cerca de 250
variedades reconhecidas. Tem a aparência de um cacto, embora pertença à família
das liliáceas, como os alhos e as cebolas.
§ De todas estas variedades, apenas 3 ou 4 têm
propriedades curativas e medicinais significativas – entre elas destacam-se a Aloé
barbadensis (a aloé vera de flor amarela), também conhecida como
aloés-de-barbados ou babosa (Brasil) e a Aloé arborescens
(de flor vermelha).
§ Encontra-se espalhada por todo o mundo, desde que
o clima seja seco e o solo rico em minerais.
§ ALOÉ: deriva do Árabe “Alhoceh” que
significa substância amarga e VERA: deriva do Latim e significa verdadeiro.
§ A aloé vera é conhecida e apreciada pelas suas
virtudes desde tempos muito antigos, havendo provas disso: na escrita
cuneiforme dos sumeros; no livro dos medicamentos do antigo Egipto (3.500 AC); na
medicina tradicional chinesa, indiana, grega e romana (com destaque para os
escritos de Dioscórides e Plínio).
§ As rainhas egípcias Nefertiti e Cleópatra já
utilizavam o Aloé como tratamento de beleza.
§ Consta-se que Mahatma Ghandi atribuía a sua grande
energia ao uso regular de Aloé.
§ É originária do Norte e do Sul de África, Arábia
em particular, Cabo Verde e Canárias. Chegou a Espanha e a várias partes do Sul
da Europa no sec.XVI através dos árabes e foi introduzida na China, na Índia e
América no sec.XVII.
§ É também conhecida como “planta da
imortalidade”, “planta miraculosa”, “planta das queimaduras”,
“planta da vida”, “curativo natural”, “curador silencioso”, “lírio do
deserto”, “elixir da longevidade”, “língua de crocodilo”, “bênção do céu”, “sábila”
(México) e “acíbar” (os árabes chamavam-lhe “a grande curadora” e
usavam o acíbar preparado a partir dela para curar as mais diversas doenças).
§ Enquanto que os árabes sublinharam a importância
da aloé na cura dos órgãos internos, os índios americanos utilizaram-na como
vulnerária e cicatrizante em caso de
feridas, queimaduras e problemas de pele em geral, situações em que a planta,
além de proteger a zona, hidratar e cicatrizar, torna mais rápida a cura e
elimina o risco de infecção.
§ Uma aloé uma vez arrancada e deixada inteira com
as suas raízes, pode sobreviver por um ano (e eu já tive a experiência disso),
envolvida num pano de algodão. Em contrapartida, as folhas, uma vez cortadas,
resistem apenas uma semana no frigorífico e o seu suco em 24 horas perde
praticamente todas as suas propriedades e decompõe-se – daqui é fácil
compreender que os preparados comerciais têm de conter uma boa dose de agentes
químicos para a conservar. De facto, a maneira mais natural de a conservar, é
em tintura alcoólica de não menos de 70°, onde o álcool serve de conservante.
PROPRIEDADES
§ Para uso medicinal utiliza-se a seiva e as folhas
de plantas com mais de 3 anos de idade, que se cortam pela base, onde a planta
concentra a quantidade mais importante de princípios activos. Será melhor
evitar recolectar as folhas no Verão, quando o excesso de antraquinona
(princípio activo amargo e laxante) a torna desagradável. Das folhas grossas e
compactas do aloé, que podem atingir os 50 cm de comprimento e 10 cm de
largura, retiram-se 2 extractos fundamentais: 1) o látex, amarelo e colhido
principalmente nos extremos das folhas (a usar com moderação, pois contém
propriedades laxativas e irrita os intestinos mais sensíveis) e 2) o gel,
extraído da parte central da folha e que constitui a base da esmagadora maioria
dos produtos comercializados, mas que contém algumas contra indicações para o
uso interno.
§ Contém mais de 75 ingredientes (princípios
activos) diferentes que lhe conferem destacadas propriedades: purgantes
(antraquinona); melhora úlceras duodenais e estomacais e diminui a acidez
(aloeoleina); reforça o sistema imunitário (carricina); gera ácido salicílico
de efeito analgésico e antifebril (emolina, emodina e barbaloina); actividade
emoliente sobre a pele (mucílago da polpa interna); neutralisa o efeito das
toxinas microbianas (aloetina); estimula o crescimento celular e a cicatrização
(hormonas vegetais). Também contém vitaminas A, C, E e B, minerais (sódio,
potássio, magnésio, cobre, cromo, …), enzimas (que reforçam a sua actividade
sobre o sistema imunitário), substâncias antisépticas (saponina) e anti inflamatórias,
etc. Contém 3 esteróis importantes, entre os quais está o colesterol HCL, que
reduz a gordura no sangue. Todos estes componentes entram em sinergia
apoiando-se e potenciando-se uns aos outros.
§ É também chamada “hormona das feridas” pelo
seu poderoso efeito cicatrizante, tendo sido recentemente definida como a
melhor mistura de antibióticos, agentes coagulantes, inibidores da dor e
estimulantes do crescimento dos tecidos que se conhece na natureza. Além do
mais, possui uma incrível capacidade de penetração que lhe permite chegar até
às camadas mais profundas da epiderme e curá-las.
§ Duas são as suas qualidades mais importantes: 1)
actuar sobre o tecido epitelial e, portanto, regenerar todas as mucosas do
organismo e as membranas que revestem os órgãos internos e 2) estimular o
sistema imunitário.
§ Está incluída na lista das plantas adaptogénicas –
actua indirectamente como nutritiva e estimula, tonifica e aumenta as funções
protectoras do organismo.
§ São-lhe atribuídas propriedades preventivas e de
apoio na cura do cancro e da SIDA, devido à sua acção sobre o sistema
imunitário – nestes casos deve utilizar-se exclusivamente a planta fresca e
inteira e não os preparados comerciais (que são de desconfiar e fugir …).
§ É muito eficaz no tratamento das doenças
gastrointestinais agudas e crónicas – úlceras, gastrites, prisão de ventre,
inflamação intestinal … - e é aconselhável uma cura de aloés depois de se ter
tomado medicamentos (corticóides ou anti inflamatórios, p.exº) que possam ter
comprometido a mucosa estomacal.
§ Para a prisão de ventre – ingerir um trocito de
polpa próxima da pele da folha (a que contém antraquinona de efeito laxativo e
é esverdeada) pela manhã em jejum ou tomar suco, adoçado com mel, se
necessário. A tintura alcoólica é uma alternativa para quem não suporta o gosto
amargo da planta.
§ A polpa interior transparente é a que se utiliza
na maior parte das perturbações de saúde, tendo o cuidado de tirar-lhe bem a
pele e a parte verde que está em contacto com ela. O gosto da gelatina é
aceitável.
§ A cor amarela das suas flores está relacionada com
o fígado e a vesícula biliar, órgãos sobre os quais a aloé exerce grande poder
de cura, desintoxicando e aumentando a emissão de bílis. Aconselha-se uma cura
de aloé na Primavera, estação do fígado - um troço de polpa de 3x3cm por dia é
suficiente.
§ Em caso de ferida, queimadura (causada pelo fogo,
Sol ou radioterapia) ou picada de insecto – cortar uma folha e aplicar
directamente a parte interna gelatinosa sobre a zona afectada, mantendo-se com
uma ligadura (pano) e deixando actuar durante uma hora ou mais e podendo ser
mantida durante 24 horas (substituir as folhas de vez em quando por folhas
novas). Também se pode empapar uma gase com o suco da aloé e aplicá-la na parte
afectada.
§ Os doentes de cancro, durante as sessões de
radioterapia, deveriam aplicar o suco da aloé fresca duas vezes ao dia – pela
manhã e à noite – depois de um creme de rosa mosqueta. Esta prática pode evitar
as dolorosas queimaduras que acompanham a terapia.
§ Em caso de fungos (pé de atleta, candidíase
vaginal), herpes, dermatite provocadas pelas fraldas nos bebés, psoríase, etc.
- aplicar externamente a aloé em forma de polpa ou de unguento.
§ Em medicina ayurvédica, utiliza-se como o melhor
tónico feminino do mundo vegetal, para preservar a beleza, a saúde e a
juventude da mulher. Utiliza-se como emenagoga, 1 semana antes das regras. É
afrodisíaca feminina e rejuvenescedora do útero e do aparelho reprodutor
feminino. No homem aumenta o sémen.
§ Faz com que todos os nutrientes alcancem os órgãos
e se transformem em novos tecidos.
§ Pode ainda ser utilizada em caso de hipertensão
arterial – tomar 5 a 7 colheres de sopa de polpa de aloé, de manhã em jejum.
§ O uso continuado e em grande quantidade da aloé,
pode acarretar problemas, devendo o doente consultar previamente o médico, se
quiser ter tratamentos demorados. De referir ainda, que a planta não deve ser
usada conjuntamente com medicamentos para o coração, diuréticos e corticosteróides.
§ CONTRA INDICAÇÕES – gravidez, menstruação,
hemorróides, colite, intestino irritável.
PREPARAÇÕES
§ TINTURA ALCOÓLICA – cortar em trocitos umas folhas grandes de aloé e
triturar com um robot de cozinha. Deixar macerar à sombra num frasco de vidro,
cobertas com álcool a 70°, durante 4 semanas. Filtrar e guardar em frasco de
vidro escuro. Para uso externo – dermatites, psoríase, herpes, etc. - usar
diluída em água ou em cremes ou unguentos.
§ TINTURA HIDROALCOÓLICA – actua-se da mesma forma anterior, mas as folhas
trituradas são cobertas com aguardente de orujo. Para uso interno (fígado,
prisão de ventre, problemas estomacais, sistema imunitário debilitado, etc. –
tomar 15 a 30 gotas em meio copo de água, 3 vezes ao dia.
§ ACÍBAR – prepara-se
nos meses quentes. Num recipiente de vidro posto ao Sol deixam-se escorrer as
folhas de aloé cortadas transversalmente. Põe-se o suco em lume brando – ou
deixa-se secar ao Sol – até que se transforme numa geleia condensada – 0.10g
por dia para perturbações estomacais ou hepáticas; 0.20g para um efeito
purgante. Tomar 1 colher de sopa antes das refeições.
§ XAROPE DE ALOÉ – colher as folhas do meio – rejeitar as mais velhas
e as mais novas. Lavá-las muito bem e retirar o gel verde que se encontra na
parte central de cada folha (não aproveitar as extremidades). Liquidifazer o
gel, juntamente com mel e aguardente (ou whisky) de boa qualidade – tudo em
partes iguais. Guardar o xarope no frigorífico e consumi-lo no prazo máximo de
2 meses.
§ GEL – obtido
da polpa fresca, com um liquidificador – 2 colheres de sopa, duas vezes ao dia,
como purgante ou cura de desintoxicação; 2 colheres de café, com uma pitada de
curcuma, duas vezes ao dia, como tónico geral. O gel de aloé pode ser usado por
períodos relativamente largos, ainda que se aconselhe os meses de Abril e Maio,
tanto pela capacidade depurativa do próprio período (estação do fígado e da
vesícula biliar) como pelo sabor da planta, menos amarga.
§ OUTRAS PRODUTOS CASEIROS – sumo, loção pós-solar para depois de um dia de
praia, produtos de higiene (sabonete, pensos higiénicos, …) …
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
§ https://asenhoradomonte.com//?s=aloe+vera
§ “Fitoterapia energética” – Clara Castellotti
§ “As plantas nossas irmãs” – Miguel Boieiro
§ “Autocura das doenças pela macrobiótica” – Rui
Rato.