OS TRÊS OBJECTIVOS DA MACROBIÓTICA
Por: Florence Wenker (2002)
Você que adoptou o
modo de vida macrobiótico, é saudável e vive uma vida cheia de alegria,
liberdade e paz, espero que não guarde para si este precioso tesouro, mas que o
transmita aos que o rodeiam...
Não é por acaso que viemos a este
planeta nesta época em particular. Desejámos participar neste grande salto para
a frente da humanidade que porá fim a 2000 anos de obscurantismo. É uma época
difícil para a maioria de nós. As nossas estruturas políticas e financeiras
colapsam e na nossa vida pessoal as mudanças são ainda mais rápidas. Mais do
que nunca, precisamos de confiar no nosso discernimento. Mais do que nunca,
precisamos da sabedoria e do know-how que a macrobiótica nos pode proporcionar.
Bem
compreendida, a macrobiótica tem um triplo objectivo:
1. Manter a nossa saúde,
2. Preservar o meio ambiente,
3. Fornecer comida suficiente para
todos os seres humanos.
1. MANTER A NOSSA SAÚDE
A ênfase é habitualmente colocada
nos aspectos pessoais e dietéticos da macrobiótica. Mas há outras aventuras que
nos esperam e que são urgentes. Algumas pessoas pensam que podem esperar pelo
desastre final enquanto comem produtos saudáveis e assim escapar a ele. É nosso
dever contribuir para a construção deste novo mundo agora.
A macrobiótica, embora oferecendo
soluções admiráveis, é apenas uma parte do processo. Existe neste momento na
Terra toda uma rede de pessoas de boa vontade, perspicazes e generosas que
estão silenciosamente a trabalhar para esta 'nova era'. Os caminhos espirituais
são numerosos, independentemente dos que tomamos para nós, todos eles conduzem
ao novo mundo que ardentemente desejamos.
O que é especial na macrobiótica
é que ela tem em conta o nosso lado físico: somos seres humanos e por isso
comemos todos os dias. A qualidade dos nossos alimentos determina a qualidade
do nosso sangue. Ao mudar a matéria (o sangue), mudamos a mente e, através da
mente, mudamos os nossos pensamentos. O simples facto de pensar em alguma coisa
é um acto criativo. Tenhamos, portanto, cuidado com as "obras" que
criamos desta forma.
2. PRESERVAR O MEIO-AMBIENTE
No nosso mundo ocidental, a
prioridade é conseguirmos dinheiro para aumentar a nossa riqueza. O que é
suposto fornecer-nos segurança, serenidade, liberdade, e comida suficiente.
Nesta sociedade dominada pela fobia da escassez, somos muitas vezes levados a
acreditar que só uma conta bancária bem abastecida nos pode permitir enfrentar
a fome, a doença e as muitas dificuldades da vida. Mas esta noção é uma ilusão.
Quando as florestas tiverem
perecido, quando as montanhas tiverem desmoronado nos nossos vales verdes,
quando os rios estiverem poluídos e a água imprópria para consumo, quando o
solo se tornar infértil e o ar irrespirável, quando tivermos fome e sede mas com
os nossos bolsos cheios, então aperceber-nos-emos de que o dinheiro não se pode
comer, respirar ou beber. Pobres de nós!
É inútil enumerar os desastres
ecológicos que ocorrem diariamente no planeta. Infelizmente, os vários governos
apenas propõem soluções financeiras ou jurídicas. Mas os poluidores têm
dinheiro suficiente para se salvarem de uma sentença económica e têm à sua
disposição um exército de advogados que lhes permite transgredir as leis com
total impunidade. Basta caminharmos pelos campos para vermos a extensão do
desastre: ali, onde outrora pescávamos lagostins, tudo o que se vê agora são
rios poluídos e fedorentos sem vida. O lixo espalhado em superabundância nos
nossos prados, depois de ter poluído o lençol freático, impede-nos de respirar
ar fresco e saudável a todo o momento.
A arte macrobiótica de viver
aplicada ao conjunto do planeta resolveria facilmente estes problemas.
Seguramente, é uma utopia, tal como foi a travessia do Atlântico por aviões, a
aterragem de seres humanos na Lua e a volta ao mundo em 80 dias!!! É nosso
dever sonhar e tornar todos os nossos sonhos realidade.
3. ASSEGURAR UMA ALIMENTAÇÃO
SUFICIENTE PARA TODOS OS SERES HUMANOS
O número de pessoas na Terra que
não têm o suficiente para comer é simplesmente impressionante. Nós somos todos
UM, do universo infinito. O que acontece a um de nós, a uma nação, a um grupo
de pessoas ou a um indivíduo, afecta todos os habitantes da terra.
Quando uma pessoa está doente
numa família, é importante cuidar dela, porque a sua condição irá afectar todos
os membros da família. Portanto, se quisermos fazer deste planeta um paraíso,
não podemos tolerar que um só ser humano morra de fome, porque todos iremos
pagar o preço.
A dieta macrobiótica oferece a
possibilidade de pôr fim a este flagelo.
Actualmente, 50% dos seres
humanos estão subalimentados e 25% de entre eles sofrem de subnutrição; 40.000
crianças morrem de fome todos os dias. 90% da soja cultivada é utilizada para
alimentar gado, 50% da poluição da água deve-se aos excrementos deste mesmo
gado. Ao transformar plantas em carne, perde-se 95% das proteínas vegetais,
assim como 92% de açúcares e 100% de fibras. O consumo de proteínas animais é
responsável por 2/3 das mortes prematuras. Para 1 kg de carne, são necessários
17 kg de cereais. 1 hambúrguer = 5 metros quadrados de floresta destruída.
Nestas condições, adoptar uma
dieta vegetaliana não é apenas uma necessidade fisiológica, mas também um dever
cívico.
Não cometa o erro de pensar que a
utopia de alguns "comedores de sementes iluminados" irá mudar alguma
coisa que seja em relação ao fim programado do mundo.
Pense novamente, de
acordo com o famoso "efeito borboleta" - um batimento de asas
de borboleta em Paris pode provocar uma tempestade em Nova Iorque algumas
semanas mais tarde.
Esta imagem descreve o efeito
borboleta tal como foi posto em evidência pelo meteorologista Edward Lorenz.
Ele descobriu que nos sistemas meteorológicos, uma ínfima variação de um
elemento pode ser amplificada progressivamente, até provocar enormes mudanças
ao fim de um certo tempo. Esta noção não só é relevante para o tempo, como tem
sido estudada em diferentes campos. Se aplicada às sociedades humanas,
significaria que mudanças de comportamento que parecem insignificantes no
início podem desencadear modificações em grande escala.
O modo de vida
macrobiótico permite-nos desdobrar a nossa natureza divina: vivermos felizes e
com saúde, oferecer esta opção a todos os encontrarmos no nosso caminho, cuidar
da nossa Mãe Terra que nos alimenta.
Em nome de todos aqueles que,
durante os últimos cinquenta anos, se esforçaram com abnegação e entusiasmo
para promulgar esta arte de viver, muitas vezes em detrimento da sua vida
familiar e da sua segurança financeira, retomemos o seu exemplo e realizemos
finalmente o nosso sonho infinito.
Florence Wenker, Junho de 2002
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