O LIVRE ARBÍTRIO MACROBIÓTICO
Por: Gérard
Wenker (2012)
A
macrobiótica pode ser uma nutrição 100% vegetal ou apresentar pratos
vegetarianos ou com uma certa percentagem de produtos animais – continuando
macrobióticos.
Há um mal
entendido com as pessoas que pensam que a macrobiótica é um regime unicamente
de cereais e vegetaliano. Com toda a certeza, pode-se seguir um regime apenas
de cereais, a mono dieta nº7 de George Ohsawa, mas somente durante um tempo
limitado; esta mono dieta faz apenas parte da macrobiótica, não é a macrobiótica.
É evidente que os Esquimós, por exemplo, não podem comer apenas cereais, ou
quem vive na Sibéria ou nos vales altos do Himalaias, não pode unicamente
seguir um regime de cereais.
Os
Anciãos Macrobióticos a quem se chamava à época “Sen-Nin” ou “Homem-Livre”,
também diziam a mesma coisa, quando se vive nas altas montanhas, come-se
poucos cereais, excepção da tsampa (papas de cevada tostada adicionada
de manteiga de yak) prato tradicional do Tibete.
A macrobiótica não é de todo um regime especial. O arroz integral não é a
macrobiótica – o arroz integral, é arroz integral – o miso, é miso – uma
cenoura, é uma cenoura …
A
macrobiótica consiste na maneira de combinar estes alimentos, em certas
proporções, de as cozinhar, segundo o clima, a temperatura, a profissão e o
sonho de cada um, é isto a macrobiótica. Quando comemos muita carne, ovos,
peixe, etc., durante muito tempo, de seguida teremos naturalmente desejos de
muita fruta, legumes crus e álcool (yin) para compensar esta alimentação passada
carnívora (yang).
Exemplo de sintomas físicos reflectindo uma condição YANG:
Cor da epiderme: branca a escura
Olhos: sanpaku superior
Calvície atrás ou total
Perda matinal de cabelos = 0 a 10
Dores de cabeça occipitais
Olhos e pupilas contraídas
Olhos cinzentos secos
Nariz branco e duro
Maçãs do rosto enrugadas
Lábios finos secos esbranquiçados
Gengiva branca retraída
Língua: branca ou amarela
Micção: menos de 4 por dia e 0 à noite
Prisão de ventre
Temperamento agressivo e impaciente
Sono curto (5 a 6 h) e profundo
Despertar alerta e em forma
É uma maneira completamente intuitiva de exercer um discernimento
macrobiótico.
Para estas pessoas, temporariamente, os pratos “vegetarianos” são também
macrobióticos, e far-lhes-ão bem, mesmo se isso não é o regime macrobiótico
padrão. Elas tentam simplesmente encontrar o equilíbrio. É o que podem
experimentar muitas pessoas que se tornaram vegetarianas depois de terem comido
durante muito tempo produtos animais e que sentiram melhoras.
Mas se
continuam a comer legumes crus, muita fruta e sumos de frutos, a condição passa
de yang a yin. Depois, vários anos passados, problemas de ordem muito yin
começam a surgir. Quer dizer que se passa de um extremo a outro, e é preciso
então reencontrar o equilíbrio. Isso é possível com um regime macrobiótico
normal.
Exemplo de sintomas físicos reflectindo uma condição YIN:
Cor da epiderme: vermelha a violeta
Olhos: sanpaku inferior
Calvície frontal
Perda matinal de cabelos = + de 20 a um punhado
Dores de cabeça frontais
Olhos e pupilas dilatados
Olhos vermelhos lacrimantes
Nariz vermelho e inchado
Maçãs do rosto vermelhas
Lábios vermelho vivo pulposos
Gengivas sangrentas
Língua: azul ou violeta
Micção: mais de 5 vezes por dia e 2 a 3 vezes por noite
Diarreia
Depressivo
Despertar difícil e cansado
É
necessário não deixar esta confusão no espírito das pessoas de que a
macrobiótica é um regime dietético. Quando G. Ohsawa estabeleceu 10 níveis de
regimes diferentes, entre os regimes 7 e – 3, foi para nos mostrar que podemos
proceder aos ajustamentos que quisermos, tendo em conta as necessidades
individuais.
O LIVRE ARBÍTRIO
Se
estivermos de boa saúde e se tivermos por vezes vontade, poderemos fazer por
exº uma refeição composta de 30% de cereais, 50% de legumes, 10% de produtos animais,
10% de fruta, se é isso que desejamos.
Se George
Ohsawa designou com sinal “menos” certas composições de menus, foi porque se os
adoptarmos durante muito tempo, teremos problemas, mas se aplicados uma vez de
tempos a tempos, tudo bem, e estes dez níveis, são macrobiótica. Compete a cada
um saber escolher o que lhe convém.
Quando
temos um problema de saúde, poderemos fazer o regime Nº 7 durante três, cinco
ou dez dias, até que nos sintamos melhores, e isto também é macrobiótica. Ou se
formos convidados para um jantar social, poderemos fazer o regime Nº 2 (50% de
cereais, 50% do resto em pratos de acompanhamento) e isso é igualmente a
via macrobiótica.
Tudo
depende de facto das nossas necessidades pessoais; tudo depende dos sonhos que
tenhamos. Podemos modificar livremente a nossa alimentação. Estaremos assim na
melhor saúde possível e em medida de assegurar uma eficácia máxima, tanto no
plano físico, como no plano mental ou espiritual, usufruindo de uma clareza
admirável.
Assim,
segundo o objectivo escolhido, adoptar-se-á um regime consequente. A
macrobiótica é uma bela e grande coisa, não é de todo restrictiva, mas ao
contrário, muito vasta. Em macrobiótica, pode-se comer o que quer que seja
(teoricamente falando), mas o importante, é a maneira de combinar, de cozinhar,
e assim alcançar a saúde, a felicidade, o desenvolvimento espiritual.
ATENÇÃO: se quiserdes curar-vos verdadeiramente e
reencontrar uma saúde perfeita … e conservá-la … a recomendação mais importante
que posso fazer-vos, é de nunca, mas mesmo nunca, em nenhum caso … consumirdes
alimentos preparados pela indústria alimentar.
O único objectivo destes envenenadores, é o de enriquecer e de fazer lucro,
sem nenhum estado de alma, escolhendo produtos baratos, de má qualidade, muitas
das vezes falsificados. Para fazer aceitar as suas preparações pelos
consumidores ignorantes e muito confiantes, juntam numerosos aditivos químicos
extremamente perigosos para a nossa saúde.
Saibamos que ninguém nos protege, nem os políticos, nem os cientistas,
todos a soldo do grande capital. Quanto ao corpo médico, não se preocupa com a
alimentação e ainda menos com as verdadeiras causas das doenças.
A única regra admitida neste domínio, é a de não vos deixar morrer ou ficar
doentes imediatamente, de maneira que não possais nunca estabelecer uma relação
de causa efeito. Conheceis a cantiga nestes casos: não há provas científicas
estabelecidas. Mudai de caminho, não há nada para ver.
O único
antídoto, para não morrer destruído por estes venenos industriais, é SALTAR
rapidamente para a alimentação macrobiótica probiótica (pela vida). Uma
alimentação biológica, natural, regional, artesanal, familiar que protege a
nossa vida e a dos nossos filhos.
O QUE
DIFERENCIA A MACOBIÓTICA DOS OUTROS REGIMES ALIMENTARES:
Posto isto, se tivermos em consideração o clima (composto pelas quatro
estações), no qual vive a maioria da população, o regime padrão será com
certeza diferente da maneira corrente de nos alimentarmos, a saber:
1- Nós comemos alimentos naturais, integrais, de qualidade biológica.
2- A alimentação é constituída de alimentos de base, e alimentos
complementares. Os alimentos de base comportam sempre pelo menos 50% de
cereais. A maior parte dos alimentos de complemento é constituída por legumes
(terrestres e marinhos); a menor parte compreende as leguminosas, os frutos,
algumas vezes o peixe ou a carne. Além disso, a proporção destes diferentes
alimentos segue uma progressão logarítmica. Assim, a diferença essencial com
outros regimes alimentares é que a proporção de cereais constitui sempre a
maior parte dos alimentos.
3- Factor “espaço”.
Além dos alimentos de base e dos alimentos de complemento, é preciso
respeitar a ordem das estações. Quando vamos para um país quente, comemos os
produtos originários desse clima. Por exemplo, é normal que em África, os
africanos comam tapioca, bananas, laranjas, etc.; isto é respeitar os
princípios macrobióticos. Mas se em França, comermos tapioca, bananas e
morangos no Inverno, etc., isto não é comer de maneira macrobiótica. Devemos
escolher alimentos da estação, regionais e que sejam originários do nosso
clima.
É também importante variar o modo de cozinhar consoante as estações do ano.
No Inverno, por exemplo, podemos cozer os alimentos durante muito mais tempo do
que no Verão.
4- Factor tempo”.
Devemos respeitar a dimensão do tempo, as tradições, isto é, as maneiras
tradicionais de nos alimentarmos que se perpectuaram ao longo de gerações e
gerações. Foi desta maneira que a humanidade se desenvolveu e que o ADN chegou
à constituição que hoje temos.
De seguida, cada um de nós tem necessidades pessoais que é preciso ter em
conta. Uma pessoa que tenha um trabalho intelectual terá necessidade de um
menor volume de comida que outra pessoa que faça actividades físicas. Também
neste caso, uma pessoa que pense muito escolherá sobretudo entre os regimes Nº
5, 6 ou 7. Pelo contrário, se tiverdes uma vida social muito activa, será
necessário mais alimentos de complemento, sem contudo exceder os 50%, e de
grande variedade.
5- A alimentação da mulher deverá ser ligeiramente diferente da alimentação
do homem. O homem pode comer um pouco mais de produtos animais se desejar,
uma ou duas vezes por semana, de peixe. Ou ainda, o cozinhado de certos legumes
pode ser mais concentrado. A mulher consumirá alimentos mais ligeiramente
cozinhados e terá uma alimentação quase 100% de origem vegetal. Este quinto
ponto compreende igualmente as diferenças de idade. Segundo se seja adulto,
velho, adolescente, criança, bebé, a alimentação é diferente em cada caso. O
bebé por exemplo dependerá principalmente do leite materno, e não do leite de
vaca. Quando a criança cresce, deverá ser a sua mãe que lhe prepara a sua
alimentação; enquanto estiver em período de crescimento, não será preciso tanto
sal como para um adulto. As necessidades de um velho não são as mesmas que as
de um adulto. A alimentação de uma pessoa de idade será mais simples, a
quantidade de óleo será reduzida mas em geral, a sua comida será centrada mais
nos cereais e menos nos alimentos de complemento, enquanto que um adulto terá
mais necessidade de alimentos de complemento.
A macrobiótica necessita de uma compreensão clara do Universo, sabendo que
tudo muda segundo certas leis, seguindo uma ordem. Nada é idêntico.
Assim, se
praticamos a macrobiótica de maneira muito rígida: se comermos sempre da mesma
maneira, se escolhermos apenas duas ou três qualidades de legumes, se comermos
sempre a mesma coisa, se fizermos a Nº 7 sem parar, não estamos na via da
macrobiótica porque não podemos compreender e seguir a mudança permanente que
nos envolve, a mudança do clima, de estação, a mudança da nossa condição
física, mental. Os adeptos da macrobiótica que não obtêm resultados práticos
denotam falta de compreensão das leis universais.
SENTIR-SE CADA VEZ MELHOR, UMA GARANTIA
A macrobiótica permite melhorar a 100% a nossa saúde e alcançar a
felicidade. Não há a menor dúvida possível. Se não o conseguimos, a nossa
compreensão ou a maneira de praticar a macrobiótica está errada.
A macrobiótica segue princípios que mais cedo ou mais tarde, vegetarianos,
carnívoros, crudívoros, etc. serão levados a ter em conta a fim de alcançarem a
saúde e a felicidade reais.
A arte de viver macrobiótica é um modo de vida magnífico, uma disciplina de
vida e um meio de cura. Na primeira abordagem, a macrobiótica pode parecer
difícil, como o início duma nova profissão ou aprendizagem de uma língua. Há
tantas coisas para compreender e fazer, por vezes misturadas com o medo, quando
a doença está presente. Não existe nenhuma garantia de cura total.
Mas há uma coisa que é sempre garantida: quando se pratica a macrobiótica,
sentem-se rapidamente melhorias (10 dias são suficientes).
A natureza fundamental da Vida é o bem estar. Viver em harmonia com as leis
naturais significa que o bem estar está lá. Isto é uma fonte inesgotável de
encorajamento: a macrobiótica oferece um sentimento permanente de melhorias que
obteremos estando em contacto com a nossa verdadeira natureza. Bem estar é o
estado natural das coisas. Tudo o resto é provisório.
Há um grande fosso entre o estado de doença e a saúde, mas pequenos passos
para nos sentirmos melhor estão sempre ao nosso alcance. A passagem de um
estado de doença ao bem estar necessita de uma evolução mental e física. Pouco
a pouco o bem estar mais do que a doença torna-se a norma. É o sentimento de se
sentir melhor que é o reflexo de uma pessoa de boa saúde.
A
tentação de fazer a publicidade para uma cura deverá ser substituída pela
garantia absoluta de se sentir melhor. Basta dizer àquele que o pede: “Prometo
que se te alimentares e viveres de uma maneira macrobiótica, sentir-te-ás cada
vez melhor por tanto tempo enquanto viveres”.
Nada é
mais simples e mais verdadeiro.