DISCIPLINA MACROBIÓTICA
A GRANDE IMPORTÂNCIA DA
MASTIGAÇÃO
Por:
Martín Macedo
A
macrobiótica não é uma dieta no sentido estrito do termo, mas uma simples
disciplina quotidiana, que permite fornecer uma grande força ao nosso sistema
imunológico.
Esta
prática maravilhosa, permite que o praticante macrobiótico fortaleça por si
próprio o seu organismo até que a doença seja minimizada até desaparecer.
A saúde é uma força brilhante (yang) – quando esta luz é
atenuada, aparece o estado contrário, a doença (yin).
A
saúde é a vida, a felicidade e a alegria de viver. É uma grande prenda oferecida
aos que se esforçam por alcançá-la e nenhum médico pode dar esta saúde
brilhante.
Se
não se fortalece a potência vital do doente, toda a cura é efémera e aparente,
já que a debilidade subjacente permanece inalterada – portanto se não se
transforma a debilidade profunda mediante uma disciplina pessoal e RESPONSÁVEL,
a ameaça da doença permanecerá intacta. Por isso a medicina moderna não cura
profundamente, porque não fortalece a força vital do sistema imunológico.
Algo
parecido acontece com as terapias naturais ou técnicas de cura, se não se acompanharem
de uma boa dieta. Quando se corrigem os desequilíbrios energéticos, o paciente
sente-se melhor, mas se não tiver fortalecido a sua potência vital mediante uma
disciplina pessoal e diária, o seu bem-estar não dura muito e volta a ficar
doente pouco tempo depois.
Não
existe um método dourado ou milagroso. O único caminho seguro é reforçar o
organismo para que derrote uma após outra, todas as tentativas da doença em
instalar-se na nossa vida.
Um
dos aspectos mais importantes da disciplina macrobiótica é a mastigação. A sua
importância é capital. Se não se mastigar muito bem, mesmo os alimentos da
melhor qualidade, NÃO FUNCIONAM.
Para curar uma doença, 50% do êxito, depende de se mastigar
muito bem. Os carnívoros devoram rapidamente a maior quantidade possível de
carne; os herbívoros, mastigam pacientemente o seu alimento. “Quando se
mastiga muito bem surge um poder mágico” (William Horace Fletcher,
1849-1919).
A energia de qualquer alimento, é multiplicada quando mais o
mastigarmos.
Para
nos curarmos mais rapidamente, há que mastigar mais e mais. Está demonstrado
cientificamente, que mastigar a fundo fortalece NOTAVELMENTE a potência imunológica
e que, além disso, tem um efeito marcadamente REJUVENESCEDOR.
Grandes sábios recomendaram a sua prática. No Evangelho Essénio
de João (encontrado nos papiros do Mar Morto nos anos 1950) Jesus disse: “E
mastigai bem o vosso alimento com os vossos dentes, de maneira que se
liquidifiquem e que o anjo da água os transforme em sangue, no vosso corpo. E comei
lentamente, como se fosse uma oração feita ao Senhor”. Leonardo da Vinci, o
génio renascentista, recomendava insistentemente a mastigação. O ex-primeiro
ministro britânico William Gladstone afirmava: “Não podereis ser um grande
homem a menos que mastigueis pelo menos 32 vezes cada bocado”. Mahatma Gandhi
ensinou: “Mastiga a tua bebida e bebe a tua comida”.
Nos EUA Fletcher difundiu no início do sec.XX, o maravilhoso
poder desta prática. Tendo ficado doente aos 40 anos, estudou a fisiologia da
digestão e compreendeu que a saúde começa na boca. Assim, começou a mastigar
muito bem os seus alimentos e conseguiu uma grande potência física e entusiasmo
pela vida. Destacou-se como atleta e empresário. Criou uma organização para
difundir os seus ensinamentos, e teve um brilhante êxito nos EUA, Europa e
Japão. O dr. Chittender, professor da universidade de Yale, trabalhou com Fletcher
e apoiou o seu trabalho. Faleceu em 1919 e, pouco tempo depois, a sua
organização caiu no esquecimento.
Fletcher
afirmava que a mastigação aumenta a imunidade, e cura o alcoolismo.
A mastigação é uma questão de HÁBITO. O mercado oferece
alimentos tenros, fáceis de comer e que não requerem esforço de mastigação. Assim
as pessoas comem em 10 minutos e não “perdem tempo” a comer o seu
alimento.
George
Ohsawa afirmava que “quem não tem tempo para comer, não merece viver”.
A
nossa vida é restaurada diariamente a partir do nosso alimento. Esta transferência
de vida a partir do reino vegetal para o reino animal, necessita de um certo
tempo, de um certo processo. Ela obedece à ordem natural e nós não podemos
pretender acomodá-la às nossas conveniências. Ou se come bem ou não comemos. As
meias tintas produzem resultados medíocres.
A digestão dos açúcares (hidratos de carbono) realiza-se na boca
e no estômago. O estômago não tem enzimas para digerir o amido (hidratos de
carbono) do arroz ou do trigo. A PTIALINA, enzima digestiva presente apenas na
saliva, transforma o amido em açúcar simples.
O
amido dos cereais deve ser bem triturado, para que a ptialina actue em cada
grão de açúcar de cereal. De outra forma o amido vai para o estômago, não é bem
digerido e obriga a um tempo gástrico maior e com mais conteúdo de ácido. O alimento
mal mastigado, produz excesso de gases e a pressa leva a que comamos demasiado.
E isso favorece a obesidade e a diabetes.
O
sabor de cada bocado melhora quando as enzimas digestivas presentes na saliva
actuam quimicamente sobre o alimento. Quanto mais se mastiga o arroz ou o pão,
mais doce é o sabor final. Esse é o verdadeiro doce e não o doce do açúcar refinado,
que tem um intenso sabor doce inicial. O verdadeiro alimento tem um sabor doce
e delicioso no final.
A maior parte das doenças têm origem por se comer em excesso;
a única forma realmente efectiva para controlarmos a avidez e evitar os
excessos, é mastigando muito bem.
A única cura para a obesidade, é precisamente aumentar o número
de mastigações.
Muitos
morreram asfixiados ao tentarem tragar grandes bocados de carne. O homem não
deve ser uma besta.
Por
outro lado, mastigar fortalece os dentes e as gengivas, pela exercitação e pela
libertação de uma hormona que fortalece os dentes.
O efeito rejuvenescedor está demonstrado cientificamente. A PARATONINA,
é uma hormona produzida e libertada pelas parótidas, glândulas salivares,
situadas no maciço facial por baixo do pavilhão auricular. Esta hormona é
absorvida pelos vasos linfáticos da cavidade bucal durante a mastigação, e
passa directamente para o sangue, onde realiza a sua acção biológica. Mas se
tragarmos rapidamente os alimentos, a parotina vai directamente para o estômago
onde é destruída pelo ácido clorídrico. Desta forma perde-se um enorme
benefício medicinal.
A
parotina estimula o TIMO e aumenta a contagem de linfócitos T, ou seja, que
potencia a resposta imunológica. Quanto mais se mastiga, maior é o poder
imunológico que temos. É simples e maravilhoso.
Como
já dissemos, a parotina rejuvenesce … o dr. Ogata da Escola de Medicina
da Universidade de Tóquio, comprovou o efeito rejuvenescedor da parotina. Injectou
parotina, obtida a partir de saliva de vaca a um grupo de doentes idosos e,
pouco tempo depois, pareciam 10 anos mais jovens!! O efeito da parotina exógena
atenuava-se com o tempo e houve alguns casos de alergia à parotina de vaca. É melhor
que cada um de nós mastigue bem e absorva altos níveis da parotina endógena
para retardar poderosamente o envelhecimento e ter a solidez imunológica maior
que sejamos capazes de conseguir …
Agora
você já o sabe … agora você pode ter uma grande potência imunológica praticando
macrobiótica. Sabendo isto, não tem sentido cair doente. Estando doente não tem
sentido continuar doente.
O conhecimento dá-nos liberdade
e
a liberdade concede-nos a felicidade.