CASTANHAS
ALIMENTO
DE OUTONO E INVERNO
“Não há ruim vinho com castanhas assadas
e sardinhas
salgadas”.
Chega o Outono
e, com ele, o cheiro a castanhas assadas nas ruas portuguesas. Meia dúzia, uma
dúzia … “Quentes e boas”.
Estamos
perante um fruto nutricionalmente rico que pode ser consumido sem grandes
culpas — desde que com conta, peso e medida …
Em tempos idos
chegaram a ser consideradas “O pão dos pobres” … Hoje, são “guloseimas” de
Outono.
Portugal foi um dos grandes
produtores mundiais deste nutritivo fruto que outrora constituía um dos
farináceos mais importantes da alimentação quotidiana das gentes – denominado
“O Pão dos pobres”.
CASTANHEIRO
A Castanea
sativa é uma árvore da família das Fagáceas que pode atingir os 35 metros de
altura.
A sua madeira
é dura e resistente muito apta para mobiliário e construções habitacionais.
Os frutos
(castanhas) estão envolvidos no ouriço espinhoso que pode ter até 3 exemplares.
Julga-se que a
espécie sativa é oriunda da Ásia Menor e que se espalhou pela Europa pela acção
da civilização romana.
O interior
Norte do país é ainda o principal produtor de castanhas.
Mas não nos
devemos esquecer da Serra de São Mamede e do concelho do Marvão, onde
anualmente se realiza a festa da castanha.
PROPRIEDADES
DAS CASTANHAS
Têm uma composição similar à dos cereais, sobretudo ao trigo e à cevada. É composta sobretudo de hidratos de carbono, mas não contém glúten. Rica em sais minerais, tem a vantagem dos produtos do bosque, de não ser normalmente tratada e de conservar, por esta razão, o seu conteúdo mineral.
É indicada especialmente para as pessoas débeis, graciosas, com falta de apetite e convalescentes mas também para aquelas que têm muita actividade intelectual (são ricas em fósforo) ou desportiva.
Segundo a
medicina tradicional chinesa é de natureza quente e o seu sabor é doce.
Tonifica o Yang. Promove a circulação do sangue.
Por isso são
óptimas para os dias frios que já se instalaram e por aí se avizinham. Os
Meridianos onde atua são os do Estômago, Baço e Rim. É a “noz” mais consumida
na dieta macrobiótica.
São doces e
deliciosas, possuem uma textura lisa e compacta e combinam bem com cereais,
leguminosas e outros ingredientes.
É estomáquica
(sobretudo cozida), remineralizante, sedativa e tónica.
O “chá”
proveniente da cozedura das folhas do castanheiro tem diversas aplicações
fitoterápicas por se revelar expectorante, antitússico, antipirético,
antidiarreico, devido possuir bastante tanino. Também serve para gargarismos.
As suas flores
são também um bom abastecimento de néctar para as abelhas produzirem mel.
São um fruto
muito rico do ponto de vista nutricional, oferecendo ao organismo vários
nutrientes de que este necessita – 300 g de castanhas são suficientes para
cobrir as necessidades nutricionais de um homem, em zonas frias.
Pobres em
gorduras, são ricas em hidratos de carbono (78%) e possuem quantidades de
amiloses, amilopectinas e polissacarídeos que permitem o desenvolvimento da
flora intestinal.
Por conterem
fibras que estimulam a presença de bactérias probióticas benéficas ao intestino
(do género Bifidobacterium e Lactobacillus), ajudam a reduzir a inflamação e
algumas enzimas que podem estar na origem de alguns cancros do intestino.
Possuem
diferentes fitoquímicos e vários compostos fenólicos que são importantes
antioxidantes e protetores celulares.
Cerca de 10
castanhas assadas fornecem 36% da quantidade necessária de vitamina C, 21% de
vitamina B6 e 15% de ácido fólico.
São ricas em
minerais como cálcio, ferro, magnésio, potássio, fósforo, zinco, cobre e
selénio.
Podem
comprar-se frescas ou secas (piladas). Frescas são habitualmente assadas,
tostadas no forno ou cozidas. Secas, necessitam ser demolhadas por várias horas
e são habitualmente cozinhadas com outros ingredientes.
As castanhas
(piladas), o biscoito (pão seco) e o bacalhau salgado eram os principais
mantimentos dos tripulantes nos tempos das descobertas.
A castanha é um fruto muito
versátil que pode integrar inúmeras ementas.
PURÉ DE
CASTANHAS
·
Lavar uma
chávena de castanhas piladas e demolhar durante a noite em 2 ou 3 chávenas de
água.
·
Cozinhá-las na
panela de pressão, durante 1 hora, adicionando 1 tira de 1 cm de alga Kombu
desidratada, com uma pitada de sal e 3 chávenas de água - se utilizar castanhas
frescas, 30 a 40 minutos de cozedura devem ser suficientes e pode adicionar um
pau de canela.
· Retirar a
panela do fogão e deixar a panela perder a pressão naturalmente.
· Retirar as
castanhas da panela e fazê-las em puré macio, utilizando um passevite.
·
Pode comer
este puré misturado com ameixas passas cozidas, sem caroço e esmagadas ou
misturado com compota de vegetais doces, o que constitui uma boa receita
medicinal (ver receita a seguir).
COMPOTA DE
VEGETAIS DOCES
·
Cortar partes
iguais de cebolas, cenouras, abóbora Hokkaido e repolho, em pedaços de 1 a 2 cm
– ou outros vegetais doces.
·
Colocar os
vegetais num tacho e adicionar 3 a 4 vezes mais de água.
· Levar ao lume
e cozinhar em chama baixa durante 3 a 4 horas. Adicionar mais água conforme
necessário.
·
No final
temperar cm uma pitada de sal marinho integral (sal grosso).
·
Fazer um puré
no passe-vite.
AUTORES DE
REFERÊNCA
·
Miguel Boieiro
·
Clara
Castellotti
·
Francisco
Varatojo
·
Gérard Wenker