Thursday, October 10, 2024

 

CASTANHAS

ALIMENTO DE OUTONO E INVERNO

“Não há ruim vinho com castanhas assadas

e sardinhas salgadas”.

Chega o Outono e, com ele, o cheiro a castanhas assadas nas ruas portuguesas. Meia dúzia, uma dúzia … “Quentes e boas”.

Estamos perante um fruto nutricionalmente rico que pode ser consumido sem grandes culpas — desde que com conta, peso e medida …

Em tempos idos chegaram a ser consideradas “O pão dos pobres” … Hoje, são “guloseimas” de Outono.

Portugal foi um dos grandes produtores mundiais deste nutritivo fruto que outrora constituía um dos farináceos mais importantes da alimentação quotidiana das gentes – denominado “O Pão dos pobres”.

CASTANHEIRO

A Castanea sativa é uma árvore da família das Fagáceas que pode atingir os 35 metros de altura.

A sua madeira é dura e resistente muito apta para mobiliário e construções habitacionais.

Os frutos (castanhas) estão envolvidos no ouriço espinhoso que pode ter até 3 exemplares.

Julga-se que a espécie sativa é oriunda da Ásia Menor e que se espalhou pela Europa pela acção da civilização romana.

O interior Norte do país é ainda o principal produtor de castanhas.

Mas não nos devemos esquecer da Serra de São Mamede e do concelho do Marvão, onde anualmente se realiza a festa da castanha.

PROPRIEDADES DAS CASTANHAS

Têm uma composição similar à dos cereais, sobretudo ao trigo e à cevada. É composta sobretudo de hidratos de carbono, mas não contém glúten. Rica em sais minerais, tem a vantagem dos produtos do bosque, de não ser normalmente tratada e de conservar, por esta razão, o seu conteúdo mineral.

É indicada especialmente para as pessoas débeis, graciosas, com falta de apetite e convalescentes mas também para aquelas que têm muita actividade intelectual (são ricas em fósforo) ou desportiva.

Segundo a medicina tradicional chinesa é de natureza quente e o seu sabor é doce. Tonifica o Yang. Promove a circulação do sangue.

Por isso são óptimas para os dias frios que já se instalaram e por aí se avizinham. Os Meridianos onde atua são os do Estômago, Baço e Rim. É a “noz” mais consumida na dieta macrobiótica.

São doces e deliciosas, possuem uma textura lisa e compacta e combinam bem com cereais, leguminosas e outros ingredientes.

É estomáquica (sobretudo cozida), remineralizante, sedativa e tónica.

O “chá” proveniente da cozedura das folhas do castanheiro tem diversas aplicações fitoterápicas por se revelar expectorante, antitússico, antipirético, antidiarreico, devido possuir bastante tanino. Também serve para gargarismos.

As suas flores são também um bom abastecimento de néctar para as abelhas produzirem mel.

São um fruto muito rico do ponto de vista nutricional, oferecendo ao organismo vários nutrientes de que este necessita – 300 g de castanhas são suficientes para cobrir as necessidades nutricionais de um homem, em zonas frias.

Pobres em gorduras, são ricas em hidratos de carbono (78%) e possuem quantidades de amiloses, amilopectinas e polissacarídeos que permitem o desenvolvimento da flora intestinal.

Por conterem fibras que estimulam a presença de bactérias probióticas benéficas ao intestino (do género Bifidobacterium e Lactobacillus), ajudam a reduzir a inflamação e algumas enzimas que podem estar na origem de alguns cancros do intestino.

Possuem diferentes fitoquímicos e vários compostos fenólicos que são importantes antioxidantes e protetores celulares.

Cerca de 10 castanhas assadas fornecem 36% da quantidade necessária de vitamina C, 21% de vitamina B6 e 15% de ácido fólico.

São ricas em minerais como cálcio, ferro, magnésio, potássio, fósforo, zinco, cobre e selénio.

Podem comprar-se frescas ou secas (piladas). Frescas são habitualmente assadas, tostadas no forno ou cozidas. Secas, necessitam ser demolhadas por várias horas e são habitualmente cozinhadas com outros ingredientes.

As castanhas (piladas), o biscoito (pão seco) e o bacalhau salgado eram os principais mantimentos dos tripulantes nos tempos das descobertas.

A castanha é um fruto muito versátil que pode integrar inúmeras ementas.

PURÉ DE CASTANHAS

·         Lavar uma chávena de castanhas piladas e demolhar durante a noite em 2 ou 3 chávenas de água.

·         Cozinhá-las na panela de pressão, durante 1 hora, adicionando 1 tira de 1 cm de alga Kombu desidratada, com uma pitada de sal e 3 chávenas de água - se utilizar castanhas frescas, 30 a 40 minutos de cozedura devem ser suficientes e pode adicionar um pau de canela.

·        Retirar a panela do fogão e deixar a panela perder a pressão naturalmente.

·        Retirar as castanhas da panela e fazê-las em puré macio, utilizando um passevite.

·         Pode comer este puré misturado com ameixas passas cozidas, sem caroço e esmagadas ou misturado com compota de vegetais doces, o que constitui uma boa receita medicinal (ver receita a seguir).

COMPOTA DE VEGETAIS DOCES

·         Cortar partes iguais de cebolas, cenouras, abóbora Hokkaido e repolho, em pedaços de 1 a 2 cm – ou outros vegetais doces.

·         Colocar os vegetais num tacho e adicionar 3 a 4 vezes mais de água.

·    Levar ao lume e cozinhar em chama baixa durante 3 a 4 horas. Adicionar mais água conforme necessário.

·         No final temperar cm uma pitada de sal marinho integral (sal grosso).

·         Fazer um puré no passe-vite.

AUTORES DE REFERÊNCA

·         Miguel Boieiro

·         Clara Castellotti

·         Francisco Varatojo

·         Gérard Wenker

 

  O que ao santo reza, do santo come Elena Corrales -   Salud 6 fevereiro, 2023 https://www.elenacorrales.com/blogelenacorrales/el-que-a...