A ABÓBORA DOCE DE HOKKAIDO
(POTIMARRON)
Por: Gérard Wenker
A abóbora de que vamos falar é
uma prima da nossa abóbora (família das Cucurbitaceae), mas é
incomparavelmente melhor em sabor e mais nutritiva. Pertence às variedades do
Extremo Oriente que são consumidas cozinhadas e cuja carne é deliciosa. As
sementes (provenientes da ilha de Hokkaido, no norte do Japão) foram
importadas pela primeira vez em 1957 por Georges Ohsawa, e imediatamente se adaptaram-se
perfeitamente ao nosso clima. Desde então, lembrando com gratidão este
presente, temos guardado sementes todos os anos para enviar a amigos em todo o
mundo, e esta preciosa abóbora aclimatou-se em todo o lado. Talvez valha a pena
dizer que a abóbora doce, capaz de produzir 30.000 kg por hectare, poderia
tornar-se um elemento importante na luta de tanta gente contra a fome ...
Uma cultura sem
problemas...
A abóbora doce é semeada em Maio –
cada ponto a uma distância de 1,50 m em todas as direcções, com 3 sementes
juntas a uma profundidade de 2 cm. Não é necessário nenhum cuidado especial
para preparar o solo, mas certifiquemo-nos de que é rico em matéria orgânica
(composto), uma vez que a abóbora gosta de húmus. Assim que os rebentos tiverem
cerca de 5 cm de altura, remove-se as plantas supérfluas para deixar apenas a
mais vigorosa em cada ponto. A única manutenção consiste em sachar o solo à
volta, para o manter solto e impedir a proliferação das ervas daninhas. A
abóbora está normalmente madura por volta de Setembro: nesta altura, os caules
começam a enrugar-se. Na colheita, deve ter-se o cuidado de não danificar o
fruto e de o conservar num local fresco e seco. A abóbora doce é fácil de
cultivar, mesmo no alto ou em vasos (neste último caso, pode ser utilizada como
planta ornamental). A sua cor varia do verde ao vermelho, com uma gama de
tonalidades intermédias (verde azeitona, verde-azul, amarelo claro, amarelo
alaranjado, laranja, vermelho alaranjado, etc.). O fruto é pequeno (1 a 4 kg),
muito denso, muito duro, e faz um som pleno quando é percutido com os nós dos
dedos. Se a abóbora se tornar maior, mais aguada e perder a sua densidade, isto
significa que ocorreu um cruzamento com a abóbora local, através do pólen
transportado pelas abelhas. Este cruzamento pode ser facilmente reconhecido,
não só pelo seu tamanho maior, mas também pela sua pele mais lisa e pelo som
oco que produz quando é percutida. Por outro lado, conserva-se menos bem do que
a abóbora doce.
Valor dietético
A abóbora doce (ou potimarron:
nome que o Professor G. Ohsawa gostava de lhe dar devido ao seu sabor que
lembra a castanha), ocupa um lugar importante na dieta macrobiótica ou cerealífera,
não só devido ao seu excelente sabor e apresentação agradável, mas sobretudo
devido à sua riqueza nutricional e ao equilíbrio dos seus componentes.
Análise da
abóbora doce (resultados expressos em 100 gr.)
Proteína (total) =
1,57 g.
Proteína
(aminoácidos)
·
Isoleucina
0,054g - Leucina 0,085g - Lisina 0,058g - Metionina 0,019 - Cistina 0,009 -
Fenilalanina 0,049 - Tirosina 0,073 - Treonina 0,040 - Triptófano 0,033 -
Valina 0,060 - Histidina 0,025 - Arginina 0,010 .
Provitamina A =
17,6 mg
Gorduras = 0,014
Amido = 8,92
Açúcares = 2,93
Minerais (total)
0,88
Minerais (em mgr): Cálcio 53 mg -
Fósforo 104 mg - Sódio 7,34 mg - Potássio 32,2 mg - Magnésio 17 mg - Ferro 1,06
mg - Silício 0,38 mg.
É muito rica em provitamina A
(caroteno), e é, portanto, uma excelente fonte de vitamina A. Para concluir
estes dados analíticos, saliente-se que a relação Sódio/Potássio (Na/K) da
abóbora doce é de 1/4, ou seja, muito favorável de acordo com o princípio Yin
Yang que preconiza 1/5 como relação Na/K ideal.
G. Ohsawa atribuiu-lhe um poder curativo
em muitas doenças, sobretudo na diabetes. E de facto, nós próprios temos
testemunhado resultados surpreendentes em doentes com diabetes que já não
podiam ser mantidos vivos sem uma injecção diária de insulina.
Uma vez que somos feitos do que
comemos, que todos os constituintes do nosso edifício físico provêm da nossa
alimentação, é impossível negar a importância absoluta da natureza e da
qualidade de tudo o que ingerimos para viver (incluindo naturalmente a água que
bebemos e o ar que respiramos). Os materiais de que uma casa é construída são a
base da sua solidez. Se for construída com materiais de má qualidade, nunca
será possível fazer uma boa casa. Felizmente para o edifício humano, que vive,
evolui e se renova constantemente, é possível reparar em qualquer altura qualquer
defeito de construção. Citemos a este propósito o que disse o Professor Doutor
A. Kawabata, da Universidade de Kyoto: "O corpo humano é composto por
aproximadamente quatro triliões de células, mas de todas as que recebemos da
nossa mãe (incluindo os nossos 15 triliões de células cerebrais), rapidamente não
resta uma única”.
À medida que inúmeras células
morrem, formam-se constantemente novas células. E cada célula repete o processo
de nascimento, crescimento, maturidade, senilidade e morte. Podemos dizer que a
saúde é uma bela harmonia de vida e de morte, e que a doença é uma desarmonia.
A verdadeira força motriz desta alternância de nascimento e destruição das
nossas células é o alimento que absorvemos. A maior causa da doença vem de uma
má alimentação: quando esta é boa, todas as dificuldades que nos rodeiam podem
ser muito mais facilmente resolvidas, e o homem equilibrado até tem prazer em
enfrentá-las. A saúde é a primeira lei ética de cada indivíduo e, ao mesmo
tempo, o ideal supremo de toda a Humanidade.
As possibilidades de reconstrução
ou regeneração do nosso corpo são infinitas: este é o papel dos humildes alimentos
que a natureza nos dá, o simples grão de arroz de um bom solo não poluído por
químicos, em suma, todos os preciosos cereais, os bons legumes e frutas
cultivados de cultura biológica, as plantas selvagens, etc. É neste context que
falamos de abóbora doce, que, como tantos alimentos naturais, tem não só um valor
curativo específico, mas também um certo poder preventivo. E é apropriado aqui
voltar à diabetes, que foi mencionada acima: esta doença não está em declínio,
longe disso; afecta até indivíduos cada vez mais jovens, de modo que é útil
pensar na sua prevenção. Mesmo se as valiosas propriedades da abóbora doce
ainda não estão cientificamente explicadas, é, no entanto aceite que se devem à
estrutura bioquímica especial dos seus hidratos de carbono.
Outra aplicação das virtudes da
abóbora doce, é a utilização das suas sementes para combater os parasitas
intestinais. Este remédio altamente eficaz sempre foi conhecido nos países onde
a abóbora cresce. Os nossos cães e gatos, assim que são afligidos por vermes,
demonstram-no devorando as sementes de abóbora que lhes são postas à
disposição...
Passemos à a cozinha.
SOPA DE ABÓBORA:
Ingredientes (para 8 pessoas):
·
1/2 kg de cebolas, 2 colheres de sopa de óleo de girassol,
ou óleo de sésamo, uma abóbora doce, 2 litros de água, 50 g de farinha de trigo
ligeiramente peneirada, 4 colheres de sopa de Tamari ou sal (ou ambos), 100 g
de queijo parmesão, salsa picada.
Preparação:
·
Aquecer o óleo numa frigideira e dourar ligeiramente as
cebolas finamente picadas. Adicionar a abóbora picada e água, ferver até ficar
macia, mexer, adicionar o Tamari e ligar com a farinha previamente diluída em
um pouco de água fria. Acrescentar a salsa picada e polvilhar com queijo ralado
antes de servir. Esta sopa é muito tonificante.
BATATAS FRITAS DE ABÓBORA
Ingredientes (para 4 pessoas):
·
1/2 kg de abóbora doce, sal marinho.
Preparação:
·
Cortar a abóbora tipo batatas fritas, secá-las bem e
mergulhá-las numa frigideira com óleo a ferver. Escorrê-las assim que estiverem
bem douradas. Polvilhar com sal.
BATATAS FRITAS "LIGHT" DE ABÓBORA
·
Cortar uma abóbora grande em quatro.
·
Fazer fatias em forma de barco ou meio barco.
·
Reparti-las num prato Pyrex em duas camadas, passar as
fatias por óleo
de sésamo com um pincel.
·
Colocar
num forno quente durante meia hora.
·
Tirar
quando estiverem douradas. Polvilhar com sal.