Thursday, October 9, 2025

 

A TERCEIRA IDADE

É suposto ser a etapa mais curta, mas a mais perigosa.

ALIMENTAÇÃO: AS NECESSIDADES ESPECÍFICAS DOS IDOSOS

Os idosos têm necessidades nutricionais específicas.

Devem manter-se atentos para evitar carências.

QUAIS OS ALIMENTOS A PRIVILEGIAR E OS RISCOS ASSOCIADOS À IDADE?

O regime alimentar dos idosos deve ser simultaneamente variado e adaptado.

Certos alimentos são particularmente importantes.

AS NECESSIDADES ENERGÉTICAS

Contrariamente à crença popular, não se deve comer menos à medida que envelhecemos.

Embora a atividade física seja frequentemente reduzida nos idosos, um rendimento metabólico menos bom necessita de necessidades energéticas mais elevadas equivalentes às dos adultos.

Devido às alterações fisiológicas associadas à idade, mas também devido a alterações do estatuto social (rendimentos insuficientes, isolamento, dependência), o risco de desnutrição proteico-calórica aumenta nas pessoas idosas, nomeadamente nas pessoas hospitalizadas ou em instituições.

É importante despistar precocemente qualquer risco de desnutrição. Para o efeito, existem grelhas de avaliação nutricional rápidas utilizadas por médicos e nutricionistas.

AS NECESSIDADES EM PROTEÍNAS

São pelo menos equivalentes às dos adultos, ou mesmo superiores, uma vez que o metabolismo das proteínas nos idosos favorece a perda de massa muscular.

A sarcopénia é a perda progressiva e generalizada de massa, força e função muscular que ocorre durante o envelhecimento, devido a uma redução da massa magra.

Não é inevitável e é mesmo possível recuperar a massa muscular mesmo numa idade avançada, combinando a atividade física com uma ingestão adequada de proteínas.

AS NECESSIDADES EM CÁLCIO

São superiores às dos adultos, porque o metabolismo do cálcio é alterado pelo envelhecimento.

A osteoporose, definida pela associação de uma baixa massa óssea e uma deterioração da arquitetura óssea, tem como consequência uma fragilidade óssea acrescida que pode levar a fracturas.

AS NECESSIDADES EM MICRONUTRIENTES

Os idosos estão expostos a um risco elevado de carência de micronutrientes devido às alterações fisiológicas e a certas patologias associadas ao envelhecimento. É frequente verificarem-se carências de vitaminas do grupo B e de antioxidantes.

NECESSIDADES EM LÍPIDOS

No que diz respeito aos lípidos, sabemos que os níveis de colesterol já não estão correlacionados com o ateroma após os 65 ou 70 anos de idade. Isto significa que o consumo de gorduras pode ser mais flexível e adaptado ao gosto dos idosos.

RISCOS ESPECÍFICOS

Os idosos devem estar particularmente atentos a uma série de problemas relacionados com a alimentação. Devem prestar especial atenção:

* Ao risco de desidratação;

* Aos problemas de obstipação

* Ao aparecimento de diabetes não insulino-dependente;

* Às dietas restritivas em caso de excesso de peso, uma vez que podem ser fonte de monotonia alimentar e, consequentemente, de anorexia. Na doença de Alzheimer, observa-se com muita frequência uma perda de peso progressiva, que pode conduzir a um estado caquético. A perda de peso pode ser um dos primeiros sinais da doença e preceder a demência.

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Existem diferentes formas de velhice e de “pessoas idosas”.

Há aquelas que se deixam envelhecer e há aquelas que se mantêm activas e dinâmicas.

Estas últimas poderão dar-se ao luxo de se permitirem um pouco mais de desvios, porque “consomem” mais. Mas há uma constante em todas elas: a passagem do tempo deixa a sua marca, cujas principais características são:

·      A maior parte diminui de peso, as mais velhas tornam-se secas e as mais raras, que permanecem gordas, escolheram a sua própria forma de desaparecer. Terão problemas com o metabolismo, e como a circulação e os vasos sanguíneos já não estão no seu melhor, esta será certamente uma das razões do seu desaparecimento.

·      A renovação celular abranda e todos os tecidos sofrem. Os órgãos e os vasos sanguíneos perdem a sua flexibilidade e os grandes vasos, como a aorta, por exemplo, perdem progressivamente a sua elasticidade e ficam carregados de sais de cálcio e de colesterol. Poder-se-á dizer que o estado de velhice corresponde ao estado destes vasos.  Quanto mais lenta se torna a circulação, mais difícil é, e mais “velha” é a pessoa. E quase se poderia dizer que a hipertensão é um remédio para o envelhecimento, mantendo um fluxo sanguíneo suficiente e rápido. Mas, tranquilizo-vos desde já, continua a ser uma doença que não aconselho a ninguém, mas que infelizmente se encontra em muitos idosos.

·      As glândulas endócrinas também envelhecem e as secreções são menos abundantes, mas não inexistentes. A tiroide, a hipófise, os testículos, os ovários e as supra-renais começam a diminuir por volta dos cinquenta anos. Mas também aqui há grandes diferenças, porque a sexualidade, por exemplo, desaparece muito cedo nalgumas pessoas, enquanto noutras, e penso que na maioria, a sexualidade pode continuar até uma idade avançada.

·      Os gânglios linfáticos, o baço e a medula espinal diminuem a sua actividade e produzem cada vez menos glóbulos brancos.

·      Há também uma redução das reservas de cálcio no esqueleto, pelo que os ossos se tornam naturalmente mais frágeis. Isto explica a frequência das fracturas do colo do fémur e dos colapsos da coluna vertebral. Será, portanto, necessário garantir uma ingestão de cálcio assimilável para remediar esta constatação inevitável.

·      O aparelho digestivo também abranda a sua atividade e todas as secreções diminuem, pelo que o poder digestivo dminui.

·      E depois há os sinais visíveis: a pele torna-se seca e rugosa, os cabelos caem e ficam brancos. É o resultado de uma má circulação e de um funcionamento mais lento das glândulas endócrinas.

·      Tudo isto leva a reacções mais lentas do organismo. Por exemplo, deixamos de assistir a grandes reacções de eliminação, como acontece nos jovens com uma febre de 40º. Em vez disso, surgem doenças crónicas, longas e difíceis de curar, e todo o tipo de problemas menores devido ao abrandamento do metabolismo e da circulação.

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A ALIMENTAÇÃO:

·      Tem de ser ajustada em função do estado fisiológico do indivíduo. Aos 60 anos, não se come da mesma forma que aos 90. Regra geral, procurar-se-ão os alimentos que aceleram a circulação sanguínea, que não geram demasiados resíduos nos vasos sanguíneos (gorduras animais ricas em colesterol, gorduras cozinhadas) e evitar-se-ão OS alimentos que exijam muito esforço digestivo.

·      Os idosos devem evitar comer em excesso. Também se poderia dizer que toda a gente deve evitar comer em excesso, mas os idosos já não conseguem assimilar ou eliminar, pelo que comer em excesso se torna ainda mais prejudicial para eles. O mesmo se aplica às mudanças bruscas de alimentação. O seu organismo já não se adapta tão rapidamente e, se houver mudanças urgentes, estas terão de ser feitas lentamente para que o organismo tenha tempo de se adaptar.

·      Se uma pessoa idosa quiser limpar o seu organismo, deve optar pelas mono-dietas em vez de jejuar, porque as carências tornaram-se insuportáveis. E uma mono-dieta será mais suave, porque tudo deve ser feito com suavidade.

·      As farinhas têm tendência a favorecer a hemogliase, ou seja, a espessar o sangue e, por conseguinte, a reduzir a velocidade da circulação sanguínea. Exatamente o que não se quer numa pessoa idosa que já sofre de hemogliase. Em conclusão, portanto, e sobretudo para os sedentários, reduzir ao máximo o consumo de todos os farináceos, açúcares, leguminosas e gorduras animais. Ter cuidado com a carne e os ovos (ricos em colesterol). Adaptação difícil a todos os estimulantes (álcool, café, etc.).  Aumentar pelo contrário, o consumo de legumes crus. Comer o menos possível, mas de tudo.

·      Para além da alimentação, é absolutamente indispensável manter uma actividade física o mais tempo possível (desporto, jardinagem, horta, limpar a casa, passeios, caminhadas, etc.). Tal como é imperativo manter uma actividade cerebral. E simplesmente uma atividade porque pode ser útil em qualquer idade, criar e cultivar o otimismo.

ALIMENTOS ACONSELHADOS:

·      Batatas, farinha moía a 75%, todos os cereais e castanhas, mas já vimos que não é preciso muito destes alimentos.

·      A carne deve ser branca e grelhada, e não como refeição da noite. Ovos, mas não demasiados (2 por semana, cozidos ou crus). Um pouco de leguminosas, ervilhas, lentilhas,.

·      Um pouco de manteiga crua, azeite, óleo de amendoim, óleo de colza, óleo de noz, óleo de milho, óleo de sementes de abóbora, óleo de gérmen de trigo. Algumas azeitonas, avelãs, nozes, amêndoas.

·      Praticamente todos os legumes. Privilegiar: cenouras, alcachofras, espinafres, feijão verde, saladas verdes, salsa, alho, cebolas, tomates. Comer fruta da época e bem madura. Privilegiar as frutas não ácidas.

·      A água de nascente é a melhor bebida. Também se pode beber sumos de fruta. Não é necessário privar-se de um pouco de bebidas fermentadas, como a cerveja, o vinho e a sidra, sempre em quantidades muito pequenas.

ALIMENTOS DESACONSELHADOS:

·      As farinhas integrais devem ser evitadas, pois o poder digestivo é reduzido e o intestino seria afetado. Os flocos de aveia são muito quentes. Eliminar o açúcar branco.

·      Em caso de excesso de peso, eliminar: Pão - Massas - Pastelaria - Batatas.

·      Ovos cozidos/escalfados. Eliminar o mais possível a carne de porco (demasiado gorda), a banha, o fígado, os miolos, os pães doces, a caça, a lagosta, o caviar e todas as gorduras cozinhadas, animais e outras, e os caldos gordos em geral.

·      Comer feijões e ervilhas secos apenas raramente.

·      Evitar a azeda e o ruibarbo, que são ácidos e descalcificantes.

·      É importante saber que os legumes brancos são pobres em princípios mineralizantes, pelo que não os deve consumir muito. Por exemplo, nabos, beterrabas, salsifis, aipos, etc.

·      Não exagere na ingestão de fruta ácida, especialmente fruta não madura, como limões, laranjas, groselhas, ameixas e tomates.

·      Bebidas a excluir:  café, as chamadas bebidas tónicas, como a Coca-Cola, e todas as bebidas alcoólics destiladas e água da torneira.

·      O carrinho de compras ideal para o novo cidadão sénior, sem esquecer as señoritas:

Verde - orgânico - natural - regional - sem alimentos industriais - só de primeira escolha - Legumes biológicos frescos - sementes germinadas - fruta biológica sazonal e do país - Legumes biológicos congelados preparados de vez em quando para desenrrascar. - Água de nascente em garrafas de 8 litros (se as puder transportar) - Sumo de maçã - sumo de cenoura Biotta - chá komboutcha - chá de 3 anos (kukicha, bancha) - vinho biológico - cerveja biológica. - Leite de arroz em pacotes de 1 litro - margarina - queijo de cabra ou de ovelha - leite de soja - iogurte de ovelha ou de soja - tahini ou manteiga de sésamo - Miso. - Peixe 1 ou 2 vezes por semana - carne 1 vez por mês - tofu – tempeh - Arroz - quinoa - polenta - cuscuz - millet - trigo sarraceno – massas - Leguminosas - lentilhas - feijão - feijocas - grão-de-bico - ervilhas - feijão azuki - Óleos biológicos de primeira pressão: girassol - sésamo - colza - oliva – noz - Sal marinho integral - algas marinhas - vinagre de sidra - molho de soja (Tamari) - Pão integral biológico - castanhas embaladas em vácuo.

Proporção média de uma alimentação equilibrada:

·      Cereais: 30/40% - Legumes: 25% - algas marinhas: 5% - Fruta: 5% - Leguminosas: 10% - Carnes, peixe, queijo: 10/15%.

 

Bom... é preciso cozinhar correctamente: nada de natas, manteiga, molhos, álcool, em suma, é melhor tirar um curso de cozinha dietética se nunca cozinhou antes.

Tomei a liberdade de escrever estes artigos como testemunho, porque pratico esta arte de viver melhor, seguramente há mais de 40 anos. Tenho 84 anos e gozo de uma saúde maravilhosa, sem nenhuma doença de velhice, com uma mente alerta e curiosa, um olhar atento, ouvidos atentos, com todo o meu cabelo e ainda sem um único cabelo branco ou grisalho.

Viver mais tempo é muito bom, mas é preciso amar a vida.

Sejam loucos ou sábios, experimentem, a vida é uma grande aventura.

Monday, May 12, 2025

 


Sopa de miso clássica

Por: Dr. Jorge Pérez-Calvo

IN: REVITALIZATE!

Las mejores recetas de la cocina energética

RBA INTEGRAL, 2013

PRIMAVERA, OUTONO, INVERNO

Efeito RECONSTITUINTE (*)

Tempo de preparação: 5 minutos

Tempo de cozimento: 20 minutos

Ingredientes para 4 pessoas:

·      1 cebola cortada fina

·      1 cenoura em meias rodelas

·      1 folha de couve cortada bem fina

·      5 cm de alga wakame, demolhada e cortada em pequenos troços

·      1 litro de água ou caldo de vegetais ou caldo de peixe

·      1 colher de sopa (CS) de óleo de sésamo ou de azeite prensados a frio

·      1 CS rasa de miso de cevada, não pasteurizado, e salsa fresca picada

Preparação:

1.    Aquecer uma panela com um pouco de óleo, juntar a cebola e salteá-la durante 5 minutos com uma pitada de sal.

2.    Adicionar a couve, a cenoura e a alga. Cobrir com a água e ferver, meio tapada, durante 15 minutos em fogo suave.

3.    Diluir o miso com um pouco do caldo. Adicionar à sopa e deixar cozinhar com fogo no mínimo, sem que ferva, durante 3 minutos.

4.    Servir quente com salsa fresca bem picada.

Variantes:

·      Esta é uma versão Outono-Inverno da sopa de miso básica: para que dê mais calor interior, juntar umas gotas de gengibre fresco ralado e espremido, no final do cozimento.

·  Na Primavera-Verão, podemos fazê-la mais ligeira, deitando directamente os vegetais cortados na água a ferver, em vez de os saltear em óleo e fervê-los apenas 8 a 10 minutos. E em pleno Verão é deliciosa fresquinha, servida com rebentos de alfafa, cubos de pepino e uma rodela de limão.

·      Utilizar os vegetais de estação: aipo, alho francês, nabo, abóbora, funcho, ...

·      A quantidade padrão de miso é de meia colher de chá por taça de sopa – para que fique saborosa, nem salgada nem insossa.

·      Podemos incluir leguminosas cozidas como lentilhas, azukis, grão-de-bico, ...

·      Também podemos juntar sobras de arroz, millet ou bocadinhos de tofu.  Alguns pedaços de mochi no forno ou passados pela sertã, são um complemento ideal para sopas de Inverno.

·      Dependendo das pessoas, pode-se adicionar um cogumelo de shitake ou um pouco de daikon seco – ambos previamente demolhados durante 30 minutos.

Propriedades:

Tonifica a energia, mineraliza e alcaliniza o sangue, activando a circulação e eliminando o cansaço.

Tem importantes propriedades antirradiactivas e elimina metais pesados. Potencia a digestão e os rins.

O cogumelo shitake ajuda a relaxar e a desintoxicar o fígado, elimina tensões e ajuda a eliminar a proteína animal acumulada no corpo.

O daikon, nabo seco ralado, ajuda a eliminar gordura e excesso de líquidos do corpo. Também diminui o nível de colesterol e de triglicéridos no sangue e combate a arteriosclerose.

(*) Efeito reconstituinte

·  Receitas reconstituintes e que aumentam os fluídos e a substância básica dos órgãos e do corpo.

· Ajudam a aumentar a massa corporal e muscular e facilitam a recuperação depois de doenças ou episódios de stress, nos quais houve uma diminuição da substância corporal e, claro, uma diminuição de defesas e da resistência do corpo.

·   São pratos bons para a convalescença a seguir a alguma doença (esse excelente costume perdido) ou para as pessoas que têm a tendência para emagrecer em excesso e custa a recuperar peso.

·     Também são receitas adequadas para desportistas ou pessoas que sofrem importantes desgastes. Junto com os pratos que fortalecem a digestão, ajudam a combater a anemia.



Wednesday, April 30, 2025


 MORANGUEIRO - por: Miguel Boieiro

Entre a extensa e variada literatura que existe sobre os morangos, escolhi o Caderno Naturista da coleção “Alimentos que Curam”, dirigido por Nicolas Capo do Instituto de Trofoterapia de Barcelona, publicado em 1971, na sua 2ª edição. Logo na capa do pequeno caderno escreve o ilustre Professor: O morango é muito medicinal e rico em vitaminas. Convém aos doentes do fígado, rins, estômago, da prisão de ventre, reumatismo, gota, anemia, doenças dos ovários, etc. É um manjar dos deuses, morangos com mel e natas; embeleza o rosto e a pele e é um elixir de juventude.
Parece estar tudo dito para que os morangos sejam mimados. Vamos, no entanto, aduzir mais alguns ensinamentos.
Acontece que a Fragaria vesca, espécie silvestre euroasiática é uma herbácea perenifólia e estolonífera (com rizomas) da família das Rosaceae. Tem folhas tripartidas, com margens dentadas, levemente pilosas na parte de baixo. As flores hermafroditas, com cinco pétalas obovadas, são brancas e, por vezes, rosadas. A polinização é feita por insetos, principalmente por abelhas e o período de floração é longo. Dizem os especialistas que o morango é tecnicamente um pseudofruto já que provém de um recetáculo floral desenvolvido que apresenta pequenos pontos verdes ou pretos e que são esses os verdadeiros frutos. A multiplicação da planta faz-se essencialmente através de estalões (guias) enraizados.
A tal Fragaria vesca com frutos muito pequenos, após sucessivas manipulações e cruzamentos genéticos originou as espécies híbridas que encontramos nos mercados. Há hoje mais de 20 espécies com ampla distribuição em zonas temperadas e subtropicais. Julga-se que a Fragaria x ananassa é a que gera morangos maiores e mais carnudos que não são necessariamente os melhores, mas como os olhos comem primeiro…
Os morangos contêm vitaminas B5, B6 e C, betacaroteno, fósforo, potássio, cálcio, ferro, selénio, magnésio, ácido fólico, cítrico e málico, pectinas, fibras, hidratos de carbono, antioxidantes…
Entre as propriedades medicinais, para além das já mencionadas, refere-se que são estimulantes do apetite, diuréticos, antirreumáticos, alcalinizantes, auxiliares da circulação sanguínea, fortalecedores dos ossos, redutores dos problemas cardiovasculares, têm ação anticancerígena, etc.

A infusão das folhas alivia inflamações e catarros respiratórios e em gargarejos afasta o mau hálito.

O “chá” das raízes é bom para debelar problemas da boca e da garganta.

Os morangos amassados fornecem ótimas cataplasmas para curar chagas, feridas e queimaduras.

Em banhos de imersão são calmantes. Entram também na elaboração de cremes para a cútis, reduzindo manchas e sardas.
Na culinária, especialmente na doçaria, os morangos são altamente versáteis. O professor Capo elenca no seu caderno algumas dezenas de receitas naturistas, recomendando que não convém comer morangos como sobremesa e não se devem misturar com hortaliças, saladas, gorduras, fritos, vinagre e bebidas alcoólicas.
Acrescente-se que as folhas tenras do morangueiro são comestíveis.
A terminar, uma precaução muito importante: sendo o morangueiro uma planta rasteira sempre em contacto com o solo, os seus frágeis frutos podem contaminar-se facilmente. Deste modo, convém ter muita atenção acerca da sua proveniência e preferir sempre os que são de cultura biológica.
Miguel Boieiro, Julho de 2020.


Sunday, April 27, 2025

 


Açafrão

A revista francesa “Alternatif bien-être”, cujo subtítulo é, significativamente, “Le Journal d’Information des Solutions Alternatives de Santé”, na sua edição de janeiro de 2016, traz um desenvolvido artigo sobre o açafrão. A revista é revolucionária porque põe em causa tratamentos e remédios utilizados correntemente pela medicina alopática, através de argumentos razoáveis e é sempre com muito interesse que a recebo.

No tocante ao açafrão, observe-se apenas as frases que encimam as várias partes do estudo: - Depressão: a arma secreta dos médicos persas; a especiaria mais cara do mundo; as virtudes antidepressivas; contrariar os transtornos sexuais; depressão dos adolescentes: os tratamentos podem matar; eficácia contra o Alzheimer. Não vou, como é óbvio, traduzir tudo o que diz a revista, mas deixo estes títulos para aguçar a curiosidade dos leitores sobre uma planta ainda insuficientemente utilizada pelos portugueses.

Atenção! Falo da herbácea denominada cientificamente Crocus sativus L que é uma Iridaceae e não de outros sucedâneos, usados habitualmente por serem mais baratos, a que o vulgo e o comércio também chamam de açafrão. É o caso da Curcuma longa que é uma Zingiberacea e da Carthamus tinctorius que é uma Asteraceae.

O açafrão, conhecido e utilizado há milhares de anos, é justamente apelidado de ouro vermelho devido ao alto preço que atinge no mercado mundial. Um quilo desta apreciada especiaria custa de mil a três mil euros, conforme a sua qualidade. O que se aproveita da planta são apenas os três estigmas de cada flor que é colhida manualmente. São necessárias cerca de 150 mil flores para obter um quilo desses filamentos que depois são devidamente secos e pulverizados. É, pois, a mão-de-obra que encarece extraordinariamente o produto, já que o processo de cultivo não parece difícil.

A planta é bulbosa, perene, de 10 a 15 cm de altura, dá-se bem em terrenos medianamente arenosos e precisa de uma boa insolação. As flores aparecem em outubro, tendo seis pétalas lilases, três estames amarelos e três estigmas (filamentos) de vermelho intenso que são o que se aproveita, tudo o mais é tóxico.

Julga-se que o açafrão é originário da bacia mediterrânica, do próximo oriente e duma cintura geográfica que vai daí até à Índia. Segundo a citada “Alternatif bien-être”, o Irão é atualmente o principal produtor, detendo cerca de 90% de toda a produção mundial. São também os iranianos quem mais investiga a planta sob o ponto de vista medicinal, tendo chegado a conclusões incríveis sobre as suas múltiplas aplicações vantajosas comparadas com medicamentos de danosos efeitos secundários.

O açafrão consegue inibir moléculas e enzimas responsáveis por inflamações crónicas, melhora a função cerebral, reduz o risco de doenças do coração, combate o cancro, previne a doença de Alzheimer, trata as artrites, a depressão e o envelhecimento precoce, facilita a digestão, alivia o fígado e atenua a pressão arterial. Querem mais?

Contém mais de 150 compostos voláteis e aromáticos, carotenoides, glucósidos amargos, corantes (crócina), ferro, magnésio, potássio, fósforo, zinco, cálcio, selénio, pró-vitamina A, vitaminas B1, B2, B3 e C. Das suas propriedades fitoterapêuticas assinalam-se as seguintes: analgésica, tónica, digestiva, aperitiva, sedativa, antiviral, anti-inflamatória, antioxidante, emenagoga, carminativa, antiespasmódica. Todavia, em doses elevadas pode ser abortivo e produzir hemorragias internas e vertigens. O “chá”, para beber três chávenas diariamente, não deve levar mais do que 2 gramas do pó para um litro de água.

Como condimento, com o seu gosto penetrante, o açafrão está omnipresente na culinária hindu, árabe e persa. No ocidente é sobejamente conhecida a sua utilização na “paella” valenciana, conferindo ao arroz uma coloração característica. É também um dos componentes do afamado caril. Na maior parte das vezes, contudo, o consumidor é enganado porque, em vez do Crocus sativus, a cor amarela vem do pó extraído da raiz da curcuma, também chamada açafrão-das-índias. Ora, sem desprimor pelas qualidades da curcuma que, de resto, são muitas, ela nada tem a ver com o sabor único do verdadeiro açafrão. Atrevo-me a afirmar que a maior parte dos menus apresentados no nosso país como contendo açafrão, não possuem o verdadeiro açafrão.

A fama da planta provém-lhe também de ser um corante notável. A propósito, diga-se que a palavra açafrão vem do árabe e significa amarelo. As típicas túnicas dos monges budistas ilustram bem a beleza da coloração amarelo-laranja proporcionada pelo açafrão.

Termino, voltando de novo aos atributos medicinais e às descobertas dos cientistas iranianos. Eles dizem que o açafrão é o suplemento nutricional mais completo que existe, sendo a melhor substância natural para combater as depressões e substituir medicamentos com efeitos secundários arrepiantes, como o “Prozac” e quejandos.

 Deixo um desafio aos nossos agricultores. Por que não investir na produção do Crocus sativus em Portugal? Temos solos e clima adequados, o valor do produto é elevado, há mercado a nível mundial, e pode contribuir para baixar a taxa de desemprego. Por que não?

Miguel Boieiro

crocus-sativus • Astrotrends

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