… Há mais de trinta anos no Japão, a alimentação não era envenenada como
hoje.
Para as crianças, a maior felicidade era comer uma bola de arroz com
uma umeboshi. Era, portanto, a nº 7.
Comia-se a cada dia, pela manhã, duas tigelas de arroz e uma pequena tigela
de sopa de missô; ao almoço, duas pequenas tigelas de arroz e alguns pedaços
de pickles de nabo salgado; ao jantar, uma pequena tigela de sopa de missô ou
tamari, uma pequena quantidade de legumes cozinhados sem água, duas tigelas de
arroz e, ocasionalmente, uma pequena quantidade de peixe.
Não era a dieta nº 7, mas era baseada na dieta nº 7.
Quando estávamos stressados, esta dieta era imediatamente trocada pela nº
7, tais como o arroz com pickles salgados de nabo ou uma umeboshi.
O arroz desta época não era integral, nem branco como hoje, era
semi-integral. Muito frequentemente, a cevada e o millet integral eram comidos
com o arroz na proporção de 50% (arroz), 50% (millet ou cevada).
Íamos para a escola com uma marmita que continha arroz e uma umeboshi.
Nós chamávamos a esta marmita: “A marmita da subida do sol”.
Mesmo os soldados japoneses comiam uma marmita muito semelhante. Era,
portanto, a nº 7.
A maior festa anual, era a passagem do Ano, para a qual preparávamos
arroz moti com muita antecedência.
Como ficávamos impacientes por este moti … Era bom comê-lo grelhado e
temperado com tamari. Este grande prazer, não era a nº 7.
Decorávamos durante duas semanas os lugares sagrados da casa com este
alimento de longevidade, acompanhado de folhas de feto e desejávamos a
longevidade da família.
As mães preparavam para as crianças bolos de arroz para cada estação do
ano, era absolutamente a nº 7, ainda que estes fossem envoltos em folhas de
plantas selvagens, ou coloridos de verde para os harmonizar. Estes bolos eram
bons, deliciosos, obras artísticas que davam um grande prazer às crianças.
A festa do nascimento das crianças era celebrada com arroz integral
e azuki (nº 7).
No 1º aniversário, fazíamos caminhar o bebé com um saco de moti de 2 kilos
às costas e contavamos os passos que ele dava.
Que felicidade trazia a nº 7 a toda a família.
Desde que me lembro, com ternura, do meu país natal, as 4 estações não
poderiam existir sem a dieta nº 7.
Os japoneses viviam esta tradição do “Vivere parvo” com a
maior alegria eterna e com reconhecimento infinito. Não existiam na altura
doenças complicadas, podres e desumanas como atualmente. Os jovens eram ainda
os príncipes e as princesas do reino dos céus.
Depois de 30 anos, o Japão mudou.
A tradição da nº 7, desapareceu.
Hoje, as pessoas preferem bolos estrangeiros açucarados, coloridos,
artificiais e sedutores, que confundem os sentidos dos olhos e da língua, ao
invés da dieta nº 7, simples e natural. Eles adoptaram uma outra medida
estrangeira para julgar os valores da nutrição, tais como vitaminas, proteínas,
calorias, etc….
Antigamente havia um só supermercado de fruta para 30.000 mil habitantes, e
no presente existe mais de trinta onde se vende banalmente todos os frutos
estrangeiros, tropicais: bananas, mangas, ananás, etc., que violam as leis da
Ordem do Universo.
Os bombons e os bolos coloridos artificialmente e quimicamente que são mais
perigosos que a bomba atómica, atacam e envenenam a boca das crianças a cada
dia e momento. As suas dietas já não são mais o arroz, nem a sopa de missô, ou
os pickles salgados, mas são feitos de carne sintetizada feita a partir de
petróleo, o leite esterilizado, as conservas, as algas açucaradas, bebidas
vitaminadas artificialmente, tudo isto colorido por materiais cancerígenos e
venenosos.
O Japão da nº 7, morreu.
Quando eu me lembro desta alimentação reconheço afirmativamente a justiça
da nº 7 da macrobiótica.
Tenho, portanto, a convicção da vida ideal do homem que se nutre sobre a
base da dieta nº 7.
Também se pode praticar a macrobiótica das dietas nº 3 à nº 5. Simplesmente
é um pouco mais difícil de as praticar correctamente, comparando com a nº 7,
porque nos enganamos muito facilmente no equilíbrio quantitativo. A dieta
macrobiótica é correcta, se a praticarmos sobre a base da dieta nº 7, com a
flexibilidade e concepção do equilíbrio do yin-yang.
Quando percebemos que as coisas não funcionam com deveria ser com legumes,
peixe, sobremesas e fruta, temos que voltar rapidamente à nº 7.
Na minha infância quando eu apanhava frio ou febre, ou problemas de
intestinos, a minha mãe obrigava-me imediatamente a comer creme de arroz, com
uma simples umeboshi. Nesta altura, a alimentação japonesa seguia ainda a
tradição segundo a filosofia do extremo oriente. As pessoas praticavam ainda a
dieta nº 7 para curar as suas doenças.
Prof. George Ohsawa
Traduzido do francês por Rui Rato,
da revista
Lettre du TENRYU, nº16, Janeiro de 1970
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