Saturday, November 9, 2024

 


O TRIGO COMUM

Acredita-se que o trigo, juntamente com a cevada, foram os primeiros cereais a serem cultivados pelo homem.

No paleolítico, lá para as bandas do rio Tigre superior (Mesopotâmia), já se comia trigo, e embora fosse ainda trigo selvagem, foi suficientemente inspirador para gerar povoados que acabariam por encorajar os seres humanos a viver no local onde ele crescia.

Assim, o cultivo do trigo, tornando-se uma prioridade, contribuiu para o abandono do nomadismo, influenciou o comércio, as crenças espirituais e quase todos os aspectos da vida do ser humano.

É originário da velha Europa, Ásia e Próximo Oriente. Na antiguidade era mais raro que a cevada ou qualquer outro cereal e era reservado para os dias de festa, ocasiões especiais, salvo nas classes sociais ricas que o pudessem pagar como parte da sua dieta quotidiana. Atualmente é cultivado no mundo inteiro e tornou-se o cereal mais cultivado no mundo.

O trigo, suplantou, pois, quase todos os outros cereais cultivados na Europa para a alimentação humana – as razões não são nutricionais, pois o trigo não é mais nutritivo que outros cereais, mas sim razões sociais: possibilidades culinárias muito variadas, prestígio ligado ao pão – o trigo é o pão, mas também é o bulgur, o cuscuz, as massas, os chapatis, as pizzas, as tartes e muitas outras preparações.

Em forma de grão, farinha, massas e pão, foi a base da alimentação nos países mediterrânicos durante séculos.

É habitualmente consumido em forma de farinha e cuscuz. Integral, é preferível utilizar a espelta, porque é mais ligeira e digerível. Os derivados do trigo são bastante versáteis, em geral cozem rapidamente e são bastante saborosos quando cozinhados com vegetais.

É o cereal por excelência do nosso país e da maioria dos países europeus, sendo geralmente utilizado sob a forma de pão ou massas. Pode ser confeccionado na sua forma integral, em grão e é particularmente saboroso quando cozinhado com feijões. As massas de trigo são um excelente alimento para quem necessita de energia rápida ou para quem tem pouco tempo para cozinhar, além de que ajudam a adquirir uma maior flexibilidade.

CATEGORIAS DE TRIGO

O trigo divide-se em várias categorias:

O trigo duro, contém mais glúten que os trigos tenros e é cultivado principalmente para fazer pão e massas alimentícias (às tiras, macarrão, esparguete, udon, etc.).

O trigo tenro, é mais rico em hidratos de carbono e servirá para a pastelaria e a sua farinha poderá ser misturada à farinha do trigo duro.

O trigo de Verão, é o trigo semeado na Primavera e colhido no Outono.

O trigo especial para a pastelaria é uma variedade de trigo de Primavera, pobre em glúten e é utilizado sob a forma de farinha para a pastelaria e para os crakers.

O trigo de Inverno, é semeado no Outono, germina sob a neve do Inverno e é colhido na Primavera. É do mesmo tipo do trigo de pastelaria, pobre em glúten, de que se fazem os bolos e as galetes. Uma outra variedade de trigo de Inverno é o “Durum”, também pobre em glúten é ideal para fazer massas alimentícias.

O trigo é igualmente classificado pela cor: vermelho, branco, dourado e prateado.

Estas diferentes classificações não se excluem umas às outras – por exemplo: uma variedade reputada na panificação é chamada de “trigo duro vermelho de Inverno”.

VARIEDADES DE TRIGO:

  • TRIGO INTEGRAL OU TRIGO CANDEAL
  • ESPELTA OU FARRO
  • KAMUT OU KHORASAN

DERIVADOS DO TRIGO

·      BULGUR – trigo duro germinado, pré-cozido, seco e partido.

·      CUZCUZ – sêmola de trigo duro húmido, esfregado entre as mãos para o granular e depois seco. É o prato nacional dos países do Magreb (Argélia, Tunísia, Marrocos).

·      CHAPATIS – pão típico da culinária indo-portuguesa (Goa, Damão, Diu), preparado com uma farinha integral especial da Índia, denominada chapati.

·      MASSA – sêmola de trigo duro mais água. É a maneira italiana de comer trigo, embora não tenha sido inventada por eles. Foi introduzida em Itália no sec. XIV por Marco Polo. As pizzas simbolizam a cozinha italiana do Sul.

·      TRIGO GERMINADO – considerado por todas as escolas de alimentação saudável, como um excelente alimento. É extremamente rico em vitaminas. É consumido em saladas ou misturado com outros almenos crus. Come-se geralmente ao pequeno-almoço, misturado com frutas, queijo branco ou nozes.

·      NO ORIENTE, o trigo é tradicionalmente utilizado para a confecção de massas alimentícias – as massas feitas unicamente com trigo são chamadas de udon no Japão e de miàn, min ou mien, na China. Uma variedade de massas alimentícias de trigo mais ligeiras chamadas somen está igualmente disponível, mais adequadas nos países quentes. As massas compostas principalmente por trigo sarraceno com uma pequena proporção de trigo são chamadas de soba.

·      “SEITAN”, GLÚTEN DE TRIGO OU “CARNE VEGETAL” – produto derivado da farinha de trigo que é cozido num caldo composto de alga Kombu, tamari (molho salgado de soja, resultante do fabrico do miso) e água. Possui um rico sabor e presta-se para para a confecção de uma variedade de pratos que vão dos estufados e croquetes às sopas, saladas e “bifes”. Produto de base da cozinha Zen, é actualmente conhecido no ocidente onde se tornou popular sob a forma de cereal-hamburguer e de croquetes como substituto do hambúrguer de carne e de outros pratos à base de produtos animais. Pode ser feito em casa, utilizando farinha de trigo e separando o amido e o farelo do glúten. É preferível utilizar o trigo de Primavera, mais doce, para o seu fabrico. Cria calor e humidade.

·      “FU” – é outro derivado do trigo, similar ao seitan e é obtido a partir do glúten de trigo que foi tostado, cozido no vapor e seco. De consistência ligeira, o fu absorve os líquidos e aumenta várias vezes de volume quando coze. Pode consumir-se só, adicionado às sopas e aos estufados ou cozido ao mesmo tempo que outros alimentos. Pode ser preparado em casa ou comprado em casas de produtos naturais.

PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS, ENERGÉTICAS E NUTRICIONAIS

É altamente proteico e refrescante. Regenera e tonifica o fígado, tonifica o coração e tem um efeito positivo sobre as massas musculares.

É benéfico para a anemia, arteriosclerose, depressão, pessoas com muito dispêndio de esforço físico e indicado para o intelecto. Deve ser evitado por doentes com problemas digestivos sérios e outras doenças graves

É de natureza fresca, pelo que acalma a mente, ajuda a relaxar e pode usar-se terapeuticamente em caso de insónias, palpitações, irritabilidade, transtornos relacionados com a menopausa e irritabilidade emocional.

Também ajuda a ganhar peso (e gordura) e no crescimento – sendo adequado para as crianças e pessoas frágeis.

Benéfico para as crianças – é muito rico em minerais como o cálcio, magnésio, sódio, potássio, enxofre, flúor, silício, zinco, manganésio, cobalto, cobre, iodo; contém vitaminas A, B1, B2, B12, E (no gérmen), K, D e fermentos – é um verdadeiro “ovo vegetal”, já que contém todos os elementos necessários para o nosso organismo e é indispensável para o crescimento regular e equilibrado da criança e adolescentes. A sua introdução, após o desmame, deve ser feita paulatinamente, esperando até que a criança o possa digerir – se o trigo se introduz muito cedo, pode provocar intolerância ao glúten. Depois do 6º ou 7º mês este inconveniente desaparece e pode começar-se a introduzir o trigo em forma de farinha tostada, massas ou galetes biológicas adoçadas com geleias de cereais (malte de arroz, trigo, milho, cevada) ou com sumos de fruta.

AUTORES CONSULTADOS

·      Claude Aubert

·      Clara Castellotti

·      Patrícia Restrepo

·      Aveline e Michio Kushi

·      Francisco Varatojo

·      Jorge Pérez Calvo

 

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