COZINHANDO PARA A VIDA
Por: Dr. Martín Macedo,
Uruguay
A arte culinária é tão antiga como o Homem. Desde os tempos pré-históricos, o ser humano tem utilizado
diferentes técnicas para melhorar o sabor da sua comida e aumentar o seu valor
nutricional.
A cozinha, permitiu uma melhor adaptação aos diferentes climas e
aos diferentes envolvimentos geográficos. Por isso cada região tem os seus
pratos típicos e os seus sabores autóctones. Cada cultura tem também diferenças
importantes neste aspecto.
Praticamente
todos os seres humanos, desde os aborígenes mais primitivos até às pessoas mais
refinadas e cultas, cozinham os seus alimentos antes de os consumir.
A macrobiótica dá uma importância de destaque à arte culinária – trata-se de uma verdadeira arte, a arte de atingir o nível
mais elevado de saúde e de vitalidade, que cada indivíduo possa alcançar.
Por
isso o tema da cozinha quotidiana, não deve ser tomado de ânimo leve. Actualmente,
é notavelmente desvalorizada e quase todos nós preferimos delegar esta tarefa noutras
pessoas.
Porém,
se compreendermos o seu profundo significado, provavelmente iremos desejar começar
a cozinhar, já que cozinhar é uma das formas mais imediatas de nos
harmonizarmos com a natureza e as forças do universo. Quem descuida a cozinha
descuida a sua própria vida.
A
nossa energia vital, a força da nossa vitalidade e a capacidades de sermos felizes,
são fortemente influenciadas por aquilo que comemos, a forma como cozinhamos e
a ordem no consumo.
Se quisermos pôr ordem nas nossas vidas, devemos começar por pôr
ordem nos aspectos mais básicos. Se
descuidarmos o básico não teremos êxito em ordenar aspectos mais importantes.
Porém,
existem muitos estilos de cozinha: cozinha vegetariana, cozinha ecológica, cozinha
naturista, cozinha japonesa, chinesa e outras. Todas têm os seus méritos e
procuram alcançar os mesmos objectivos: combinar o bom sabor com um efeito
saudável.
Muita
gente quer escapar à comida/lixo - já não é segredo para ninguém que muitas
doenças têm a sua origem no consumo contínuo de alimentos de má qualidade.
Portanto, queremos proteger-nos contra esta ameaça dos falsos alimentos e
procuramos um estilo mais saudável. Mas ao procurarmos o saudável, as ofertas
são muito variadas – diferentes mestres ou especialistas, recomendam esta ou
aquela dieta como óptima para a saúde. Todos desejam convencer-nos de que a sua
proposta é a melhor. Porém, às vezes, a experiência é a única opção – mas não é
possível experimentar tantas opções.
Comecei
a praticar macrobiótica por minha própria iniciativa aos 16 anos. Não precisei
de experimentar diferentes abordagens – só queria experimentar uma saúde
poderosa, um fortalecimento vital, como um caminho para resolver alguns
conflitos próprios da etapa da adolescência – e funcionou. Em poucos meses
senti um vigor que me impressionou poderosamente, e desde então continuo esta
prática.
Realmente
existe um pouco de confusão entre tantas propostas nutricionais. Também existe
uma nutrição oficial, que se pode estudar na universidade – mas ainda assim, as
propostas multiplicam-se.
Em
macrobiótica resolvemos este tema da seguinte forma:
1. Toda a técnica deve ter uma teoria, um fundamento sólido que suporte a técnica, senão é só
tecnicismo. A nossa lógica é o Princípio Yin-Yang, com 5.000 anos de existência.
2. A experiência dos países orientais, sobretudo a China e o Japão que criou culturas altamente
desenvolvidas.
3. A extraordinária saúde e desenvolvimento intelectual e moral
destes países, sobretudo dos povos
japoneses, que praticam uma dieta baseada no arroz, leguminosas, algas e peixe.
4. A experiência de milhares de pessoas, que desde 1950 até à data, tanto nos EUA como na Europa, se
curaram de problemas considerados incuráveis para a medicina oficial, seguindo simplesmente
com assiduidade um estilo nutricional macrobiótico.
5.
A própria
experiência, depois de um tempo
variável para cada indivíduo, desde 1 a 3 meses, experimentando-se um bem-estar
tão notável, que já não quereremos abandonar esta prática.
6.
Também os
diferentes investigadores da saúde em universidades prestigiosas dos EUA,
que fizeram estudos sobre pessoas alimentando-se macrobioticamente e deixaram
evidências médicas dos benefícios em: pressão arterial, nível de colesterol,
arteriosclerose, peso ideal, nível de açúcar no sangue e aumento da resposta
imunológica.
7. E finalmente, a intuição. No meu caso, deixei-me guiar
por ela há 20 anos e encontrei assim a mais elevada cultura da nutrição.
Yin e Yang, não são só conceitos ou palavras de origem chinesa –
reflectem uma actividade, uma forma de movimento ou tendência. Se observarmos a
nossa realidade de mente aberta, podemos ver que tudo é movimento – ninguém
pode negar que tudo muda. O relógio não para – envelhecemos, transformamo-nos e
aprendemos coisas novas. O dia começa pela manhã e continua até à noite. O
Verão avança até ao Outono. A criança faz-se adulto e o adulto se faz velho. A
riqueza de hoje pode amanhã ser pobreza. A ignorância de hoje, pode ser
sabedoria no futuro.
Esta mudança obedece a ciclos: ciclos naturais, ciclos biológicos,
ciclos históricos.
As civilizações nascem, desenvolvem-se e a seguir declinam.
Todas
as mudanças se dirigem para os seus opostos: dia em noite, fracasso em êxito,
escravidão em liberdade, falta de jeito em destreza.
Para
simplificar, podemos classificar em Yang tudo aquilo que tem tendência para o
positivo, o rápido, o dinâmico e o prático. Os fenómenos com tendência Yin,
serão os antagónicos: a passividade, a lentidão, a suavidade e a espiritualidade.
A
saúde é um fenómeno positivo e luminoso. A saúde é Yang – a doença tem uma
tendência mais apagada, débil e triste – podemos classificá-la como um fenómeno
de tendência Yin.
Portanto, Yang muda para Yin gostemos ou não. Este processo pode
levar dias, semanas ou anos, mas a mudança está operando agora mesmo saibamo-lo
ou não. De facto, todos já tivemos alguma doença ou tê-la-emos no futuro,
porque a saúde não é nem absoluta nem eterna. Porém, ao estarmos doentes,
existe a opção de retornarmos à saúde e a mudança toma uma direcção diferente.
Temos a liberdade de escolher que direcção queremos tomar, já que a liberdade é
uma possibilidade do nosso espírito, ainda que às vezes não saibamos como
empregá-la.
Podemos
escolher um alto nível de saúde e mantê-la quase inalterada durante muitos
anos. Poderá haver momentos de debilidade orgânica, mas fortalecendo a vontade
e mantendo hábitos adequados, é possível disfrutar de uma grande saúde durante
um período prolongado.
Quando
se pratica macrobiótica a fundo, não se evita apenas a doença, mas também se pode
transformar uma situação de doença.
Quando a saúde se debilita surge a doença – não importa nem o tipo nem o nome
da mesma - doença é saúde débil. Ao fortalecer-se a saúde, a doença cura-se. É
assim e não pode ser de outra forma. É lógico e é justo. O universo tem regras
claras. A mente do homem às vezes confunde-se e afirma que várias doenças não
têm cura, admitindo que a saúde pode transformar-se em doença, mas não se
admite o contrário em muitos casos.
Mas a lei do Yin e Yang indica o retorno, se existir vontade de
retornar. Não há cura sem vontade de se curar. Cura é Yang, trabalho
autocrítica, assumir a própria responsabilidade e pôr-se em movimento.
Mas
se ficarmos à espera que nos curem, então esperaremos por um milagre, porque
ninguém nos pode curar … nós teremos de fazer o trabalho … de contrário, não
será uma cura profunda, duradora.
E POR ISSO, DEVEMOS APRENDER A COZINHAR ...
A COZINHAR PARA A VIDA.
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