“O QUE É A MACROBIÓTICA?
Por: Dr. Martín
Macedo
O objectivo da
macrobiótica é ensinar a cada pessoa a construção e a criação da sua própria
saúde. A ideia é que somos nós os criadores da nossa saúde e somos os criadores
da nossa doença.
O tema da
macrobiótica é conhecido em todo o mundo, as pessoas conhecem-no como uma
dieta, como uma forma de alimentação um pouco rara, estranha, muito parecida
com a alimentação tradicional japonesa.
Na
realidade, a macrobiótica é uma tradição, é uma forma de compreender a vida e a
alimentação e tem uma série de princípios que procuram equilibrar o organismo
com o seu envolvimento natural/meio ambiente.
Portanto, é muito
macrobiótico comer carne de baleia no Alasca e é muito macrobiótico comer arroz
na China ou comer milho no Peru.
Devemos procurar
os produtos adequados para alcançar essa harmonia energética e biológica com o
envolvimento. Esse é basicamente o objectivo.
A
macrobiótica é conseguir a máxima saúde mediante o alcance do equilíbrio das
energias yin-yang. São os dois princípios criadores da filosofia e medicina do
Oriente.
Há que estudar
os princípios – a macrobiótica requer estudo e prática.
O objectivo da
macrobiótica é ensinar a cada pessoa a construção e a criação da sua própria
saúde. A ideia é que somos nós os criadores da nossa saúde e somos os criadores
da nossa doença.
Então, o
praticante de macrobiótica o que faz é estudar e praticar e aprender como fazer
esse equilíbrio. Como caminhar na corda bamba e para isso tem de aprender a
cozinhar e a combinar os ingredientes e isso exige um certo estudo e basicamente
usar os produtos alimentares locais e de estação, os produtos oferecidos pela
zona, pelo local onde vivemos.
A
ideia é que há uma força vital que é a força curativa, a força da natureza que
chega a todos os seres vivos e que cada ser vivo conecta-se com essa força
vital e que quanto mais habilidade tiver para se conectar melhor se sentirá,
mais carregado de energia estarão as suas células - e então o alimento é um
instrumento ou uma ferramenta para alcançar essa conexão.
Os
animais selvagens fazem-no de forma intuitiva, instintiva e magistral. Cada
animal conecta-se com essa força vital que é a mesma força para todos - a força
de um escorpião, é a mesma força vital de um pássaro. A força vital de todos os
seres vivos é a mesma e não tem limites.
É apenas uma
força que os hindus chamam PRANA, os chineses CHI,
os japoneses KI e que nós poderemos chamar-lhe simplesmente VITALIDADE.
A conexão
através do alimento no caso do ser humano é um pouco mais complexa, porque nós
gostamos de cozinhar, elaborar, criar combinações e gostamos de variar, e comer
diferente, por exemplo, nas festas do Natal e Fim do Ano.
Porém, uma vaca
come sempre igual durante todo o ano. Para a vaca não há Natal, nem há dia de
aniversário nem dia da independência. A vaca come sempre o mesmo.
Mas a ideia é
que as pessoas que se interessam por este tema possam conseguir melhorar a sua
saúde, sentir-se melhor, ter resistência às doenças, porque o objectivo é
carregar ao máximo de força vital todas as suas células.
Não é apenas
curar a doença ou envelhecer mais devagar, mas que todas as células consigam o
seu máximo funcionamento e quando isso acontecer ou quando nos aproximarmos
desse objectivo nos sintamos melhor, tenhamos mais êxito no trabalho, nos
estudos, mais rendimento para o estudante que necessita de concentração, para o
desportista e é por isso que muita gente na Europa, nos EUA, actores de cinema,
o futebolista Messi, a seleção espanhola de futebol, muitos desportistas estão
utilizando estes princípios nutricionais e biológicos.
Porquê?
Simplesmente
porque funciona ! …
De momento não
há argumentos científicos suficientes, mas, se funciona, funciona porque é a
forma tradicional que tiveram os hindus, os japoneses, os chineses e antigas
comunidades indígenas durante mais ou menos uns 6.000 anos, ou seja, porque
existe uma experiência prática acumulada – a maior experiência clínica da história.
A
força vital do alimento tem de ser maximizada.
Portanto, a
forma de cozinhar em macrobiótica, na filosofia macrobiótica, é crucial – se
cozinharmos mal os alimentos, estraga-se a força curativa do alimento ou essa
força vital do alimento.
Se
não cozinharmos de todo, como no caso dos crudívoros - há pessoas que comem
tudo cru -, não poderemos aumentar essa força vital.
Por isso, o uso
do fogo, dos condimentos, do sal, do óleo, das especiarias, é uma verdadeira
arte.
Por
isso, para podermos avançar nesta via, precisamos de ser chefes de cozinha.
Necessitamos
forçosamente de nos convertermos em chefes de cozinha.
Não em alguém
que saiba cozinhar, mas em alguém que saiba criar pratos deliciosos e ao mesmo
tempo permitir a saúde daqueles que os comem - portanto a cozinha é o hospital
doméstico, é o lugar onde se cozinha tudo.
Na
cozinha criamos a doença e a saúde, aqui se cria uma família feliz ou uma
família que luta e briga e que tem conflitos constantes.
Esta é um pouco
a visão que se tem da cozinha. Portanto a cozinha é para a macrobiótica a arte
mais importante de todas, por isso devemos ser artistas. Não é um tema para
mulheres, os homens também devem saber cozinhar.
Quando
eu comecei no ano de 1981, era muito difícil conseguir produtos, às vezes tinha
de ir a Buenos Aires ou ir a Porto Alegre buscá-los. Agora há muitíssimos
produtos porque há pessoas interessadas nos alimentos naturais saudáveis.
As pessoas de
alguma maneira procuram proteger-se ou aliviar toda essa explosão de doenças
crónicas.
E também porque
os elementos são muito simples e são muito económicos, porque realmente se
simplifica muito a alimentação quando seguimos os princípios da macrobiótica.
Se
avaliarmos a experiência global a nível mundial com a dieta macrobiótica ou com
a alimentação macrobiótica, os gastos com a alimentação reduzem-se a uma terça
parte do que antes se gastava.
São alimentos
muito nutritivos, têm muita nutrição - com menos quantidade satisfazemo-nos,
não necessitamos comer continuamente grandes quantidades.
Vemos as pessoas
sair dos supermercados com os carrinhos cheios de doces, de pão, de manteiga,
de fiambres, de queijo, massas, de todo o tipo de coisas – verdadeiras bombas.
Com a
macrobiótica simplificamos – é tão nutritiva que com menos quantidade se
consegue mais qualidade e essa é a ideia, diminuir a quantidade e aumentar a
qualidade. Sempre acontece isso – quando diminui a qualidade aumenta a
quantidade e quando aumenta a qualidade diminui a quantidade, são inversamente
proporcionais.
Portanto, os
alimentos que se utilizam na macrobiótica são alimentos sãos, são muito
nutritivos e se os prepararmos bem e se os comermos devagar mastigando-os bem -
que é outra das ferramentas para podermos conseguir uma boa qualidade digestiva
– então, simplificamos e os custos reduzem. É realmente a forma mais barata de
comer.
A macrobiótica é
fundamentalmente, se se pode falar de uma forma de medicina, uma medicina
educativa, a procura de uma potente tomada de consciência, que procura educar a
população para que cada pessoa seja a criadora da sua própria saúde - é um pouco
como nos convertermos nos nossos próprios médicos e mestres. Não significa que
neguemos os médicos, significa que passamos a ser responsáveis pelo que nos
acontece.
Então, quando se
educa a população e se lhe ensina que alimentos convém escolher e que alimentos
convém evitar ou minimizar, as pessoas educadas e adequadamente motivadas,
conseguem tomar melhores decisões.
Não
se pode impor, não se pode levar uma pessoa que tenha excesso de peso a atemorizá-la
ou assustá-la ou tentar coagi-la porque as coisas levadas à força não duram
muito.
O
melhor é conseguir que essa pessoa sinta o desejo de melhorar e ensinar-lhe que
coisas deve evitar e que coisas pode comer ou lhe convém comer.
Portanto, a
ideia não é negar certos alimentos, mas pôr ordem/disciplina na alimentação.
É a
desordem/indisciplina que leva ao excesso de peso, é a desordem/indisciplina
que leva à hipertensão, é a desordem/indisciplina que leva ao cancro.
A macrobiótica
propõe ordem, não repressão, mas ordem. Se pusermos ordem nas coisas, então, as
coisas começam a funcionar.
Um
médico chamado Paracelso dizia: “o veneno é a dose”.
Não há venenos,
tudo o que há são doses venenosas. Uma coisa saudável pode ser tóxica em
grandes quantidades e uma coisa venenosa ou tóxica pode ser inofensiva em
quantidades ínfimas.
Então,
se o chocolate engorda e uma pessoa comer muito pouco chocolate, pode comer
chocolate – a questão é a falta de controlo.
O
problema é que a nossa sociedade de consumo criou produtos que geram adição.
As
coisas doces geram adição – uma pessoa come um rebuçado e quer outro, uma
pessoa come um bolo e quer outro.
E então, o
consumo aditivo, descontrolado, leva ao excesso de peso.
Esses alimentos
não deviam chamar-se alimentos porque nos levam justamente a uma adição e isso
é justamente o que procura a sociedade de consumo, que sejamos adictos para que
consumamos e eles nos possam vender toneladas dos seus produtos.
Mas, nós, não podemos
permitir que as directrizes de produção controlem o nosso comportamento.
Nós, como
consumidores, temos de aprender a consumir – e então a ideia é ensinar a
consumir melhor, porque se não tivermos uma educação para sabermos consumir, a
publicidade e a pressão social e familiar vão levar a que consumamos de mais e
o excesso de consumo, ou o descontrolo de consumo, as desordens de consumo
levem ao excesso de peso, à hipertensão, aos problemas cardiovasculares, ao
cancro.
Então, isso não
se conserta com mais remédios, conserta-se com a educação na maneira de
consumirmos – e isso é um pouco a macrobiótica e essa é a mensagem que tratamos
de levar a todo o lado.”
Dr. Martín
Macedo, médico, Uruguay.
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