Sunday, March 19, 2023

 


TOMATE vs. Solanáceas

Solanum Lycopersicum ou Lycopersicon esculentum

Nem tudo são rosas quando comemos tomate numa bela salada crua ou num saboroso prato de carne (ou de seitan) à Bolonhesa … pois, sendo uma solanácea e tendo uma energia muito expansiva, o consumo do tomate também tem desvantagens.

Como em tudo, há prós e contras … o que é preciso é conhecer e saber utilizar …

CURIOSIDADES

·         A maior fábrica de concentrado de tomate da Europa, sita algures em Inglaterra, utiliza como matéria-prima tomates de excelente qualidade provenientes de Salvaterra de Magos, em Portugal.

·         O tomate era desconhecido na Idade Média na Europa até há 300 ou 400 anos atrás – foi trazido e divulgado por toda a parte após a colonização das Américas pelos europeus.

·         Os primeiros tomates que chegaram a Itália eram amarelos e foram apelidados de “pomodori” (maçã de ouro), nome que ainda hoje se mantém, enquanto que em todas as outras línguas subsiste o vocábulo “tomate” derivado da palavra asteca, “tomatl”.

·         Inicialmente o tomate foi olhado pelos europeus e nos EUA com muita desconfiança, tendo sido introduzidos como planta ornamental de jardim – acreditava-se que causavam cancro do estômago e apendicite. Até que, em 1820, o coronel Robert Johnson, desafiando os conselhos dos seus médicos, comeu tomates no Palácio da Justiça de New Jersey, frente a uma multidão de 2.000 testemunhas, tendo sobrevivido e contribuído a partir de então para a aceitação do consumo do tomate como alimento.

·         Actualmente, há centenas de novas espécies de tomate de todas as formas, feitios e cores: vermelho intenso, rosa, amarelo, castanho, laranja, quase branco e até negro, sendo cultivado em estufas ou por processo hidropónico, tal é a sua utilização na indústria alimentar.

·         As sementes do tomate são extremamente duradouras, resistindo à passagem pelo trato intestinal e à decomposição na compostagem.

·         Aspecto lúdico do tomate: a festa da “Tomatina” em Espanha (Buñol) – os participantes protagonizam uma voluptuosa guerra, arremessando tomates uns aos outros.

PROPRIEDADES - CONTRAS

·         Tomates, batatas, beringelas, pimentos, bagas de goji – alimentos que fazem quase todos parte da dieta mediterrânica há vários séculos – pertencem à família das SOLANÁCEAS, vegetais de origem tropical e sub-tropical, que contêm um alcalóide tóxico, a SOLANINA, responsável por eliminar minerais e oligoelementos do organismo – são inibidores de cálcio e outros minerais alcalinos e tornam o pH do sangue ácido. Solanáceas são também o jindungo, o piripiri, o tabaco, a beladona, a mandrágora, …

·         As folhas e os frutos verdes do tomateiro contêm mais solanina, logo são mais tóxicos.

·         O efeito tóxico da solanina é particularmente grave e perigoso em pessoas com atrite reumatóide, refluxo gastro-esofágico, intestinos permeáveis, colite ulcerosa, lúpus, psoríase, esclerose múltipla, doença celíaca, cistite intersticial, doentes do fígado, rins, sistema digestivo, sistema imunológico, crianças com eczema, … levando às dores e inflamações articulares ou intestinais, calcificação dos tecidos moles, irritação intestinal, etc.

PROPRIEDADES – PRÓS

·         O tomate bem maduro naturalmente é rico em licopeno, pró-vitamina A, vitaminas do complexo B, vitamina C, P e K. Também possui minerais importantes como o potássio, o fósforo e o cálcio e ainda frutose e ácido fólico (anticancerígeno e bom para o cérebro, coração, pele e sistema imunitário).

·         O tomate representa uma grande fonte de LICOPENO – oxidante muito eficaz contra os radicais livres que dá a cor avermelhada ao tomate. Vários estudos atribuem ao licopeno a capacidade de prevenir o cancro da próstata, suprimir as células tumorais mamárias e reforçar o sistema imunitário.

·         É muito rico em potássio, equilibrando o sódio contido nos produtos animais consumidos – por este motivo, é por nós inconscientemente desejado quando consumimos carne ou peixe. No entanto, ao optarmos por uma dieta com mais vegetais, não notaremos tanto a sua falta.

·         Como planta medicinal é ainda utilizado: em cataplasmas (folhas), como emoliente (para amolecer tumores), em caso de hemorroidas (cortado fresco às rodelas e aplicado localmente), como diurético (em sumo fresco, sem sal, bebido várias vezes ao dia).

·         Bem amadurecido, é refrescante, aperitivo, alcalinizante e anticancerígeno.

SABER UTILIZAR …

·         A justificação de que não devemos consumir tomate, porque é extremamente “Yin” ou contém solanina, é verdadeiramente extrema e como sempre fruto de pouco conhecimento - a salsa e o aipo, p. exº, pertencem à mesma família da cicuta, e nem por isso são mortais, antes pelo contrário – pertencer à mesma família de plantas, não significa ter as mesmas propriedades e efeitos, já que as doses dos princípios activos são diferentes e amiúde as plantas pertencem a uma mesma família por outros motivos (forma das folhas, flor, etc.). Além do mais, a solanina presente no tomate, é mínima comparada com a que existe noutras solanáceas (beladona, datura, …) e os tomates bem maduros, lavados, borrifados com sal marinho durante um certo tempo, desaparece quase por completo.

·         Este alcalóide presente no tomate é menos tóxico se os consumirmos bem amadurecidos de forma natural – o ideal é cultivá-los e colhê-los bem roxos – sendo mínima a presença de solanina.

·         Outra forma de consumir o tomate é em forma de tomate seco (bem seco ao Sol) ou cultivá-lo com água do mar, como se faz na Sicília.

·         As pessoas mais débeis constitucionalmente ou que têm problemas de mineralização, artrite, reumatismos, doenças de pele, dores generalizadas, articulações débeis ou doridas, deveriam moderar a sua utilização ou evitá-lo.

·         As pessoas mais robustas, de boa saúde e que vivam em zonas com climas quentes e secos poderão integrar o seu consumo mais amiúde na sua dieta, sobretudo nos meses mais quentes de Verão, tomando, contudo, algumas precauções na sua preparação: reduzir o conteúdo de solanina, preferir cozimentos mais longos, consumi-lo de preferência em molho de tomate caseiro, borrifá-los com sal marinho ou flor de sal antes de os consumir … O licopeno encontra-se numa concentração dez vezes maior e a sua biodisponibilidade aumenta, após a cocção, isto é, em forma de molho de tomate.

Por tudo o que foi dito, deveríamos evitar o consumo de tomate, tendo o cuidado de o cozinhar devidamente e por tempo suficiente e temperando-o com sal marinho integral.

É melhor não o consumir diariamente, reservando a sua utilização para receitas especiais ou então consumi-lo em pequena quantidade e unicamente no Verão.

 

COMO ALQUIMIZAR AS SOLANÁCEAS

A cozinha mediterrânica utiliza uma grande quantidade de tomates, pimentos, beringelas, batatas, todos eles pertencentes à família das solanáceas, que contêm solanina, um princípio activo potencialmente tóxico, responsável por eliminar minerais e oligoelementos do organismo.

Mas não temos que nos assustar ou eliminar tais alimentos da nossa dieta. Muito simplesmente, só há que os consumir unicamente na sua estação e bem maduros (Verão). A solanina, de facto, em tais condições, é praticamente inexistente. Devido à energia expansiva destes vegetais, é importante adoptar algumas precauções, que nada têm de novo, e constituem, de facto, a maneira tradicional de os preparar.

Em algumas zonas de Sicília, por exemplo, os tomates são regados com água do mar: o clima, particularmente quente, e o sal da água, deixando os tomates a secar ao Sol durante dias, são todos eles factores yang que harmonizam a natureza yin do vegetal.

No que diz respeito às beringelas e pimentos, devem deixar-se uma meia hora cortados e borrifados com sal marinho, a seguir passam-se por baixo da torneira (que eliminará a solanina) e, finalmente, seguem-se cozeduras muito longas, se possível, no forno: o tempo e o ambiente muito yang do forno vai, em parte, equilibrá-los.

Nas batatas, a solanina vê-se à vista desarmada: é aquela coloração verde que têm quando são colhidas antes do tempo, mas que também se acumula nas batatas velhas, enrugadas e germinadas. Assim há que observá-las, deixá-las uma meia hora cortadas em água com sal marinho. Mas, devido ao seu índice glicémico muito alto, devem-se evitar, se tivermos o açúcar no sangue elevado ou alguma doença grave e debilitante, já que neste caso, há que ter a glicémia sob controlo.  Também se deve restringir o seu uso ou eliminar as solanáceas da dieta se se sofrermos de algum tipo de condição inflamatória que gere dores: artrite, enxaqueca, artrose, etc.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

·         - “ECODIETA. Vivir en armonia com el entorno” – Clara Castellotti.

·         - “QUE EL ALIMENTO SEA TU MEDICINA. La dieta mediterrânea a la luz del yin y el yang” – Clara Castellotti.

·         - “Harmonisation de l´alimentation selon les variations de l´environnement et les besoins personnels” – Aveline e Michio Kushi.

·         - “Solanáceas, vegetais venenosos, cuidado com batatas, tomates e outros” – Manuel Moreira

·        -  “Plantas para curar e para comer” – Miguel Boieiro.

·        -  “Las solanáceas (tomate, patata, pimento y berengena) en la macrobiótica: por qué no se suelen comer y cómo suscituirlas” – CALAGNESMACROBIÓTICA.



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