TOMATE vs.
Solanáceas
Solanum Lycopersicum ou Lycopersicon esculentum
Nem tudo são rosas quando comemos tomate numa bela salada crua ou num
saboroso prato de carne (ou de seitan) à Bolonhesa … pois, sendo uma solanácea
e tendo uma energia muito expansiva, o consumo do tomate também tem
desvantagens.
Como em tudo, há prós e contras … o que
é preciso é conhecer e saber utilizar …
CURIOSIDADES
·
A maior fábrica de concentrado de tomate
da Europa, sita algures em Inglaterra, utiliza como matéria-prima tomates de
excelente qualidade provenientes de Salvaterra de Magos, em Portugal.
·
O tomate era desconhecido na Idade Média
na Europa até há 300 ou 400 anos atrás – foi trazido e divulgado por toda a
parte após a colonização das Américas pelos europeus.
·
Os primeiros tomates que chegaram a
Itália eram amarelos e foram apelidados de “pomodori” (maçã de
ouro), nome que ainda hoje se mantém, enquanto que em todas as outras línguas
subsiste o vocábulo “tomate” derivado da palavra asteca, “tomatl”.
·
Inicialmente o tomate foi olhado pelos
europeus e nos EUA com muita desconfiança, tendo sido introduzidos como planta
ornamental de jardim – acreditava-se que causavam cancro do estômago e
apendicite. Até que, em 1820, o coronel Robert Johnson, desafiando os conselhos
dos seus médicos, comeu tomates no Palácio da Justiça de New Jersey, frente a
uma multidão de 2.000 testemunhas, tendo sobrevivido e contribuído a partir de
então para a aceitação do consumo do tomate como alimento.
·
Actualmente, há centenas de novas
espécies de tomate de todas as formas, feitios e cores: vermelho intenso, rosa,
amarelo, castanho, laranja, quase branco e até negro, sendo cultivado em
estufas ou por processo hidropónico, tal é a sua utilização na indústria
alimentar.
·
As sementes do tomate são extremamente
duradouras, resistindo à passagem pelo trato intestinal e à decomposição na
compostagem.
·
Aspecto lúdico do tomate: a festa da
“Tomatina” em Espanha (Buñol) – os participantes protagonizam uma voluptuosa
guerra, arremessando tomates uns aos outros.
PROPRIEDADES - CONTRAS
·
Tomates, batatas, beringelas, pimentos,
bagas de goji – alimentos que fazem quase todos parte da dieta mediterrânica há
vários séculos – pertencem à família das SOLANÁCEAS, vegetais de origem
tropical e sub-tropical, que contêm um alcalóide tóxico, a SOLANINA,
responsável por eliminar minerais e oligoelementos do organismo – são
inibidores de cálcio e outros minerais alcalinos e tornam o pH do sangue ácido.
Solanáceas são também o jindungo, o piripiri, o tabaco, a beladona, a
mandrágora, …
·
As folhas e os frutos verdes do
tomateiro contêm mais solanina, logo são mais tóxicos.
·
O efeito tóxico da solanina é
particularmente grave e perigoso em pessoas com atrite reumatóide, refluxo
gastro-esofágico, intestinos permeáveis, colite ulcerosa, lúpus, psoríase,
esclerose múltipla, doença celíaca, cistite intersticial, doentes do fígado,
rins, sistema digestivo, sistema imunológico, crianças com eczema, … levando às
dores e inflamações articulares ou intestinais, calcificação dos tecidos moles,
irritação intestinal, etc.
PROPRIEDADES – PRÓS
·
O tomate bem maduro naturalmente é rico
em licopeno, pró-vitamina A, vitaminas do complexo B, vitamina C, P e K. Também
possui minerais importantes como o potássio, o fósforo e o cálcio e ainda
frutose e ácido fólico (anticancerígeno e bom para o cérebro, coração, pele e
sistema imunitário).
·
O tomate representa uma grande fonte de
LICOPENO – oxidante muito eficaz contra os radicais livres que dá a cor
avermelhada ao tomate. Vários estudos atribuem ao licopeno a capacidade de
prevenir o cancro da próstata, suprimir as células tumorais mamárias e reforçar
o sistema imunitário.
·
É muito rico em potássio, equilibrando o
sódio contido nos produtos animais consumidos – por este motivo, é por nós
inconscientemente desejado quando consumimos carne ou peixe. No entanto, ao
optarmos por uma dieta com mais vegetais, não notaremos tanto a sua falta.
·
Como planta medicinal é ainda utilizado:
em cataplasmas (folhas), como emoliente (para amolecer tumores), em caso de
hemorroidas (cortado fresco às rodelas e aplicado localmente), como diurético
(em sumo fresco, sem sal, bebido várias vezes ao dia).
·
Bem amadurecido, é refrescante,
aperitivo, alcalinizante e anticancerígeno.
SABER UTILIZAR …
·
A justificação de que não devemos
consumir tomate, porque é extremamente “Yin” ou contém solanina, é
verdadeiramente extrema e como sempre fruto de pouco conhecimento - a salsa e o
aipo, p. exº, pertencem à mesma família da cicuta, e nem por isso são mortais,
antes pelo contrário – pertencer à mesma família de plantas, não significa ter
as mesmas propriedades e efeitos, já que as doses dos princípios activos são
diferentes e amiúde as plantas pertencem a uma mesma família por outros motivos
(forma das folhas, flor, etc.). Além do mais, a solanina presente no tomate, é
mínima comparada com a que existe noutras solanáceas (beladona, datura, …) e os
tomates bem maduros, lavados, borrifados com sal marinho durante um certo
tempo, desaparece quase por completo.
·
Este alcalóide presente no tomate é
menos tóxico se os consumirmos bem amadurecidos de forma natural – o ideal é
cultivá-los e colhê-los bem roxos – sendo mínima a presença de solanina.
·
Outra forma de consumir o tomate é em
forma de tomate seco (bem seco ao Sol) ou cultivá-lo com água do mar, como se
faz na Sicília.
·
As pessoas mais débeis
constitucionalmente ou que têm problemas de mineralização, artrite,
reumatismos, doenças de pele, dores generalizadas, articulações débeis ou
doridas, deveriam moderar a sua utilização ou evitá-lo.
·
As pessoas mais robustas, de boa saúde e
que vivam em zonas com climas quentes e secos poderão integrar o seu consumo
mais amiúde na sua dieta, sobretudo nos meses mais quentes de Verão, tomando,
contudo, algumas precauções na sua preparação: reduzir o conteúdo de solanina,
preferir cozimentos mais longos, consumi-lo de preferência em molho de tomate
caseiro, borrifá-los com sal marinho ou flor de sal antes de os consumir … O
licopeno encontra-se numa concentração dez vezes maior e a sua biodisponibilidade
aumenta, após a cocção, isto é, em forma de molho de tomate.
Por tudo o que foi dito, deveríamos
evitar o consumo de tomate, tendo o cuidado de o cozinhar devidamente e por
tempo suficiente e temperando-o com sal marinho integral.
É melhor não o consumir diariamente,
reservando a sua utilização para receitas especiais ou então consumi-lo em
pequena quantidade e unicamente no Verão.
COMO ALQUIMIZAR AS SOLANÁCEAS
A cozinha mediterrânica utiliza uma grande
quantidade de tomates, pimentos, beringelas, batatas, todos eles pertencentes à
família das solanáceas, que contêm solanina, um princípio activo potencialmente
tóxico, responsável por eliminar minerais e oligoelementos do organismo.
Mas não temos que nos assustar ou
eliminar tais alimentos da nossa dieta. Muito simplesmente, só há que os
consumir unicamente na sua estação e bem maduros (Verão). A solanina, de facto,
em tais condições, é praticamente inexistente. Devido à energia expansiva
destes vegetais, é importante adoptar algumas precauções, que nada têm de novo,
e constituem, de facto, a maneira tradicional de os preparar.
Em algumas zonas de Sicília, por
exemplo, os tomates são regados com água do mar: o clima, particularmente
quente, e o sal da água, deixando os tomates a secar ao Sol durante dias, são
todos eles factores yang que harmonizam a natureza yin do vegetal.
No que diz respeito às beringelas e
pimentos, devem deixar-se uma meia hora cortados e borrifados com sal marinho,
a seguir passam-se por baixo da torneira (que eliminará a solanina) e,
finalmente, seguem-se cozeduras muito longas, se possível, no forno: o tempo e
o ambiente muito yang do forno vai, em parte, equilibrá-los.
Nas batatas, a solanina vê-se à vista
desarmada: é aquela coloração verde que têm quando são colhidas antes do tempo,
mas que também se acumula nas batatas velhas, enrugadas e germinadas. Assim há
que observá-las, deixá-las uma meia hora cortadas em água com sal marinho. Mas,
devido ao seu índice glicémico muito alto, devem-se evitar, se tivermos o
açúcar no sangue elevado ou alguma doença grave e debilitante, já que neste
caso, há que ter a glicémia sob controlo. Também se deve restringir o seu uso ou eliminar
as solanáceas da dieta se se sofrermos de algum tipo de condição inflamatória
que gere dores: artrite, enxaqueca, artrose, etc.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
· - “ECODIETA. Vivir en armonia com el
entorno” – Clara Castellotti.
· - “QUE EL ALIMENTO SEA TU MEDICINA. La
dieta mediterrânea a la luz del yin y el yang” – Clara Castellotti.
· - “Harmonisation de l´alimentation selon
les variations de l´environnement et les besoins personnels” – Aveline e Michio Kushi.
· - “Solanáceas, vegetais venenosos, cuidado
com batatas, tomates e outros” – Manuel Moreira
· - “Plantas para curar e para comer” – Miguel Boieiro.
· - “Las solanáceas (tomate, patata, pimento
y berengena) en la macrobiótica: por qué no se suelen comer y cómo
suscituirlas” – CALAGNESMACROBIÓTICA.
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