O
PRINCÍPIO DAS TRANSFORMAÇÕES
Dr. Martín
Macedo, Uruguay
IIª parte
Os ciclos da
mudança
Ninguém
pode negar a mudança. Independentemente da sua religião, cultura, raça ou
filosofia de vida. Nisto estamos todos de acordo. Trata-se de uma lei. A Lei da
Mudança. A lei mais poderosa, mais imponente. A Lei eterna. A Lei perfeita. A
Lei suprema. Quem conhece esta lei tem capacidades infinitas. Como um advogado
infinito. Os advogados dominam as leis humanas, civis, penais, do comércio e da
indústria. Mas as leis escritas pelo homem, escrevem-se e revogam-se. Formulam-se
e esquecem-se. Mas a Grande Lei é eterna e imutável.
Apaixonei-me
pelo estudo da Grande Lei quando era um jovenzito de 16 anos. E graças a um
grande japonês, o Mestre Georges Ohsawa. E aos seus principais discípulos.
Todos têm em comum um grande amor pelo estudo da Lei. Da Grande Lei. Esta Lei
sustenta que tudo se move eternamente, muda eternamente. Nada nem ninguém pode
parar o processo de mudança.
Não
há paragens. Não há descanso. Não há por onde escapar. Ninguém pode escapar à
mudança. Ninguém pode escapar ao envelhecimento. Ninguém pode escapar à morte.
Nem à dor. Nem ao sofrimento. Nem à infelicidade. Nem ao Verão, nem ao Inverno.
Nem à fome, nem ao cansaço. Nem à segunda-feira, nem ao dia de regresso ao
trabalho depois das férias. Nem à sogra, nem aos impostos. Quando fazemos um
percurso por uma estrada, este não é plano. Há subidas, lentas ou bruscas, e logo
a seguir descidas, suaves ou bruscas.
Ninguém pode
escapar aos altos e aos baixos. Tampouco as equipas de futebol podem escapar à
"despromoção para a B". Por mais que lutem. Por muito que tentem. Não
é pessimismo. É simplesmente resultado da compreensão do funcionamento da Lei.
A Grande Lei. É simplesmente o resultado de um estudo entusiástico e apaixonado
da Lei. Subimos e descemos. Choramos e rimos. Curamo-nos e adoecemos. Sofremos
e gozamos. Alguns pais amorosos pensam: "Não quero que os meus filhos
passem fome e privações como eu passei”.
Vou
sacrificar-me para que eles não passem por essas experiências duras. Mas, por
mais que o tentem, seus filhos sofrerão algum tipo de contratempo. Um pai cheio
de amor e vontade não pode contrariar a Grande Lei. A Lei obriga-nos a sair do Verão
e a entrar no Outono. Por mais que choremos ou gritemos, protestemos ou
vociferemos aos quatro ventos com todas as forças dos pulmões. O Verão passará
e o Outono chegará. É a mudança. É a Lei.
Os
japoneses dizem que dos 0 aos 20 anos é a Primavera da vida. Dos 20 aos 40 anos
é o Verão da vida. Dos 40 aos 60 anos é o Outono da vida. E dos 60 aos 80 anos
é o Inverno da vida. Quando se faz 40 anos (eu também passei por esse momento
.... há algum tempo) entra-se no Outono da vida. Por mais que não gostemos ou fiquemos
com raiva ou rejeitemos é um esforço inútil. Entrámos no Outono da vida. Quer gostemos
ou não. A Lei assim o estabelece. E todos passarão ao Outono. Os que agora são jovens
e belos, sedutores e brilhantes. A mudança colocá-los-á numa outra estação,
dando lugar a novos rebentos que aguardam a sua vez para verdejar.
A
Grande Lei tem ciclos. Subidas e descidas. Inspiração e expiração. Chegada e
partida. Início e fim. Ascensão e declínio. Os antigos chineses chamavam-lhes
Yin e Yang. Há pelo menos 6000 anos que se lhes chamam assim. Penso que é uma
boa tradição continuar a chamar-lhes assim.
Esquematicamente,
podem ser representados como uma espiral.
Movendo-se
em direção ao centro, temos a tendência Yang. Portanto, Yang reúne, concentra,
aperta, ativa e aquece. Tudo se move mais rápido no centro de um furacão. Tudo se
acelera no centro da cidade.
Quando
aumenta a temperatura, as moléculas activam-se. Essa é a tendência Yang. Quando
projectamos o ar para fora dos pulmões, a tendência é Yang. Por isso dizemos
que a expiração é Yang. A inalação é Yin. A mudança diz: ao chegar ao centro da
espiral, não há descanso, como quando um autocarro chega ao seu destino e o
condutor descansa um pouco. Uma vez chegado ao centro, ao extremo Yang, começa
a mover-se para fora.
Sem
descanso, sem tempo para se refrescar ou para ir à casa de banho. Trabalha-se
24 horas sem nunca descansar. A mudança nunca descansa. Funciona 365 dias por
ano, 24 horas por dia. Como algumas empresas que vendem comida rápida. O que vendem
é abominável. Então porque têm tanto êxito? Em parte, e é apenas a minha
opinião, é porque seguem o ritmo ditado pela Grande Lei. Movem-se, trabalham,
operam, criam, as 24 horas dos 365 dias do ano. Não há domingos nem férias nem
feriados. Nem Primeiro de Maio.
Nem
paragens "parciais" para gerar novas estratégias de luta. A luta
consiste em trabalhar eternamente, dando eternamente, movendo-se eternamente.
Como o coração. Não há paragens para o coração. Se um coração entra em
"paragem" é preciso chamar o 112. O coração vive de acordo com a
Grande Lei. Funciona como a espiral. Contrai-se durante a sístole (Yang) e
começa a expandir-se, a mover-se para fora para dilatar e voltar a encher-se de
sangue. A dilatação é Yin. E assim é o coração. E também o pulmão.
Movem-se
como a espiral. Em direção ao centro, e sem tempo para tomar um refresco, o
movimento para a periferia começa sem parar. Yin manifesta-se pela expansão, a dilatação,
a calma, a quietude, o frio, a escuridão, o afastamento, a solidão, o isolamento,
a paz e o pensamento calmo e profundo.
Uma
vez chegado ao extremo Yin, tampouco há descanso para ir à casa de banho ou
para beber um gole de água, ou mesmo para respirar fundo algumas vezes. A Lei
diz: agora em direção ao centro, vamos, segue o teu movimento para o centro,
tens de começar a fase Yang. Nem sequer um eletrão escapa à Lei. A mão abre-se
e fecha-se. A pupila dilata-se para deixar entrar mais luz na retina e
contrai-se para reduzir o excesso de intensidade luminosa e proteger a retina.
Yin e Yang. Primeiro abro e logo fecho. E volto a abrir e volto a fechar. Uma
fase de ativação e uma fase de repouso.
Uma
fase de arrefecimento e uma fase de aquecimento. Uma fase de Lua crescente e
uma fase de Lua minguante. Alguém pode parar isto? Como dizia a Mafalda, "parem
o mundo, que eu quero sair daqui". Estações quentes e estações frias.
Ondas que vão e vêm. Maré alta e maré baixa. Os surfistas são especialistas em
ondas. Conhecem-nas intimamente. Estudam-nas, observam-nas e sabem esperar.
Sabem que a Lei lhes trará mais ondas. Eternamente. Eles envelhecerão e se
aposentarão do desporto. Mas a Grande Lei continuará a trazer ondas. Que bela
Lei! Que generosidade! Que Poder e Magnificência! Continuemos a estudar, até
nos apaixonarmos pela Grande Lei.
Porque uma vez
que a dominemos como o surfista domina as
ondas, poderemos criar e produzir qualquer coisa: saúde, beleza, juventude,
alegria eterna, força infinita, sucesso supremo e a mais estridente vitória.
Sonhemos em grande, porque a Grande Lei ajudar-nos-á..... se o conhecermos
intimamente. Estudemos.... continuemos a estudar.......
(continua)
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