Saturday, January 7, 2023

 


O “MILLET”

CEREAL POUCO CONHECIDO E MUITO SAUDÁVEL

Também conhecido como “milho painço”, é pequeno, compacto, geralmente amarelo - as variedades originárias do extremo oriente são frequentemente vermelhas - e redondo, pouco maior que a cabeça de um alfinete, sacia e dá uma sensação de conforto.

Não tem glúten e é o único cereal alcalino.

Tem sido consumido desde os tempos pré-históricos em África, Ásia e Europa.

Antes do descobrimento das Américas, o millet e as castanhas, eram alimentos básicos em vários países da Europa – nomeadamente em Portugal e em Espanha.

 

PROPRIEDADES NUTRITIVAS, ENERGÉTICAS E MEDICINAIS

·  Por não conter glúten e pelo seu alto conteúdo em hidratos de carbono complexos é ideal para fornecer energia sem fazer subir o índice glicémico, sendo indicado para celíacos e diabéticos.

·      Tem um alto conteúdo em minerais, destacando-se o ferro, fósforo e magnésio, sendo indicado tanto em caso de debilidade física como de debilidade psíquica.

·      Os oligoelementos contidos no millet - selénio, cobre, zinco e manganésio -, dão-lhe propriedades anti-oxidantes e efeitos benéficos para o sistema imunitário.

·         O seu conteúdo em vitaminas B1, B2 e B9, triplica a de outros cereais, pelo que é muito apropriado para regenerar o sistema nervoso central e para as mulheres grávidas ou em período de aleitamento.

·         Contém colina, substância que previne a acumulação de colesterol nas artérias.

·         Contém 11 % de proteínas de alto valor biológico.

·         É o único cereal com efeito alcalinizante do sangue, muito indicado nas doenças do sistema digestivo. Sendo o mais yang entre os cereais é o que mais estimula o metabolismo.

·         Digestivo, anti-stress, remineralizante, nutriente e diurético, é indicado em caso de astenia, cansaço, transtornos da memória, depressão, anemia ferropénica, desmineralizações (ossos e unhas frágeis, queda de cabelo, cãibras musculares).

·   O seu alto conteúdo em ácido salicílico e minerais (ferro e magnésio em particular) fazem dele um bom aliado da beleza com acção estimulante na pele, unhas, cabelo e esmalte dental.

·       Convém consumi-lo 1 a 4 vezes por semana, dependendo da condição de saúde e constituição individual, sobretudo na primeira parte do Outono, já que nutre e tonifica particularmente os órgãos com maior actividade nesta parte do ano: os “órgãos de energia Solo/Terra” (estômago, baço e pâncreas) – sendo o “médico-alimento” em caso de diabetes. Trata problemas estomacais por falta de força/fogo digestivo – digestões lentas, gases, inchaços, útil para problemas de diarreias e vómitos, etc. Tonifica o baço e seca a humidade interna, reforça os rins e dá força mental.

·         Sendo um cereal com baixa percentagem em gorduras (insaturadas) - 3 % - é recomendável para pessoas com excesso de peso, não o sendo tanto para pessoas magras e secas, pois tende a reduzir gordura e líquidos.

·      A dieta energética chinesa considera-o um dos cereais mais yang (daí ser bom para nos trazer calor nos dias mais frios), de sabor doce e natureza neutra – é redondo, pequeno amarelo e isso significa que tem energia concentrada, sendo também essa energia de que o organismo necessita, sobretudo quando está em desequilíbrio.

·      Muito energético, simultaneamente robusto e flexível, é um alimento precioso para pessoas debilitadas e para estudantes, para a fadiga intelectual, falta de memória, depressão nervosa e anemia – nutre o cérebro pela sua riqueza em magnésio e lecitina.

·      O seu alto conteúdo em lecitina e colina ajudam-nos a ter uma boa circulação e a manter níveis de colesterol equilibrados, assim como a fortalecer a memória.

·   Quando se consome millet integral, a fibra que contém regula o trânsito intestinal, tanto em caso de prisão de ventre como em caso de diarreia. A fibra, além do mais tem efeito saciante e retarda a absorção da glicose, sendo, portanto, um alimento de eleição para diabéticos.

·    Sendo altamente remineralizante, sobretudo pelo seu conteúdo em ferro e magnésio, é indicado para a anemia e menstruações abundantes.

·   O seu conteúdo em vitaminas do grupo B, tornam-no também especialmente indicado para situações de stress e de ansiedade. Podemos utilizá-lo para reforçar a memória e a serenidade mental – “quando tiveres dúvidas come millet, porque o millet ilumina-te” – este ditado antigo espanhol, evidencia a propriedade do millet em clarificar a mente, ajudando a tomar decisões. Contribui para um pensamento criativo e maior simpatia para com os outros.

·     Para a Medicina Tradicional Chinesa, como cereal yang, é indicado em todas as desordens yin, harmonizando o funcionamento do estômago, baço e pâncreas, sendo também ideal para reforçar o sistema imunitário, na gravidez e no aleitamento, bem como nas alterações hormonais.

 

O MILLET NA COZINHA

·         Do facto da sua pequena dimensão e compactidade, o millet raramente é partido ou fragmentado, podendo, contudo, ser transformado em farinha e utilizado no forno, transformado em flocos ou ser tufado.

·         É um cereal bastante versátil, podendo ser utilizado em doces ou salgados: pápas/cremes de pequeno-almoço, sobremesas, sopas, empadões, purés, croquetes, hambúrgueres, estufados, saladas, massa para pão, tufado, misturado com outros cereais, … Partido, dá-se-lhe a forma de galetes cozidas no forno.

·         Para tornar o seu centro mais energético (yang) e fazer sair o seu delicioso perfume a avelã, deve tostar-se a seco numa sertã durante 5 minutos até que fique ligeiramente doirado (não queimado). Mas mesmo sem tostar é igualmente muito agradável.

·         Ao não conter glúten, não é panificável, mas presta-se para fazer pudins/pastéis (budines), croquetes e hambúrgueres, porque os grãos uma vez cozinhados “ligam-se” entre si sem necessidade de se adicionar farinha e/ou ovos.

·         Devido às suas proteínas de alta qualidade, os nossos antepassados nas sextas-feiras santas da Quaresma, quando praticavam a abstinência da carne, comiam millet como substituto. Também foi o alimento fundamental na Espanha dos conquistadores.

·         Em dietas terapêuticas, é aconselhável consumi-lo na forma de cremes – preparado com quatro partes de água para uma de cereal.

·         Pode – e deve - ser consumido durante todo o ano, mas, o facto de crescer em climas mais frios, aquece muito o organismo e o seu consumo é muito benéfico no Outono e no Inverno – com excepção da variedade “millet glutinoso”, com características bastante amargas e de cor mais esbranquiçada, que é ideal para o Verão. O nome desta variedade vem da sua consistência “glutinosa ” - não causa alergia quando há intolerância ao glúten, pelo facto de também não conter glúten.

·         É particularmente benéfico para os estudantes em épocas de exames e para crianças propensas à diabetes. É particularmente indicado na primeira infância, pela reduzida dimensão dos seus grãos, podendo ser utilizado em grão, farinha e flocos. Óptimo alimento na convalescença infantil e na preparação de polenta, cremes de vegetais e deliciosas sobremesas de fruta.

 

AUTORES DE REFERÊNCIA

·         Aveline e Micho Kushi

·         Clara Castellotti

·         Elena Corrales

·         Jorge Pérez-Calvo Soler

·         Lourenço Azevedo

·         Rui Rato

·         Simon G. Brown

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