O “MILLET”
CEREAL POUCO CONHECIDO E
MUITO SAUDÁVEL
Também conhecido como “milho painço”,
é pequeno, compacto, geralmente amarelo - as variedades originárias do extremo
oriente são frequentemente vermelhas - e redondo, pouco maior que a cabeça de
um alfinete, sacia e dá uma sensação de conforto.
Não tem glúten e é o único cereal
alcalino.
Tem sido consumido desde os tempos
pré-históricos em África, Ásia e Europa.
Antes do descobrimento das Américas, o
millet e as castanhas, eram alimentos básicos em vários países da Europa –
nomeadamente em Portugal e em Espanha.
PROPRIEDADES NUTRITIVAS, ENERGÉTICAS E
MEDICINAIS
· Por não conter glúten e pelo seu alto
conteúdo em hidratos de carbono complexos é ideal para fornecer energia sem
fazer subir o índice glicémico, sendo indicado para celíacos e diabéticos.
· Tem um alto conteúdo em minerais,
destacando-se o ferro, fósforo e magnésio, sendo indicado tanto em caso de
debilidade física como de debilidade psíquica.
· Os oligoelementos contidos no millet - selénio,
cobre, zinco e manganésio -, dão-lhe propriedades anti-oxidantes e efeitos
benéficos para o sistema imunitário.
·
O seu conteúdo em vitaminas B1, B2 e B9,
triplica a de outros cereais, pelo que é muito apropriado para regenerar o
sistema nervoso central e para as mulheres grávidas ou em período de
aleitamento.
·
Contém colina, substância que previne a
acumulação de colesterol nas artérias.
·
Contém 11 % de proteínas de alto valor
biológico.
·
É o único cereal com efeito
alcalinizante do sangue, muito indicado nas doenças do sistema digestivo. Sendo
o mais yang entre os cereais é o que mais estimula o metabolismo.
·
Digestivo, anti-stress, remineralizante,
nutriente e diurético, é indicado em caso de astenia, cansaço, transtornos da
memória, depressão, anemia ferropénica, desmineralizações (ossos e unhas
frágeis, queda de cabelo, cãibras musculares).
· O seu alto conteúdo em ácido salicílico
e minerais (ferro e magnésio em particular) fazem dele um bom aliado da beleza
com acção estimulante na pele, unhas, cabelo e esmalte dental.
· Convém consumi-lo 1 a 4 vezes por
semana, dependendo da condição de saúde e constituição individual, sobretudo na
primeira parte do Outono, já que nutre e tonifica particularmente os órgãos com
maior actividade nesta parte do ano: os “órgãos de energia Solo/Terra”
(estômago, baço e pâncreas) – sendo o “médico-alimento” em caso de diabetes.
Trata problemas estomacais por falta de força/fogo digestivo – digestões
lentas, gases, inchaços, útil para problemas de diarreias e vómitos, etc.
Tonifica o baço e seca a humidade interna, reforça os rins e dá força mental.
·
Sendo um cereal com baixa percentagem em
gorduras (insaturadas) - 3 % - é recomendável para pessoas com excesso de peso,
não o sendo tanto para pessoas magras e secas, pois tende a reduzir gordura e
líquidos.
· A dieta energética chinesa considera-o
um dos cereais mais yang (daí ser bom para nos trazer calor nos dias mais
frios), de sabor doce e natureza neutra – é redondo, pequeno amarelo e isso
significa que tem energia concentrada, sendo também essa energia de que o
organismo necessita, sobretudo quando está em desequilíbrio.
· Muito energético, simultaneamente
robusto e flexível, é um alimento precioso para pessoas debilitadas e para
estudantes, para a fadiga intelectual, falta de memória, depressão nervosa e
anemia – nutre o cérebro pela sua riqueza em magnésio e lecitina.
· O seu alto conteúdo em lecitina e colina
ajudam-nos a ter uma boa circulação e a manter níveis de colesterol
equilibrados, assim como a fortalecer a memória.
· Quando se consome millet integral, a
fibra que contém regula o trânsito intestinal, tanto em caso de prisão de
ventre como em caso de diarreia. A fibra, além do mais tem efeito saciante e
retarda a absorção da glicose, sendo, portanto, um alimento de eleição para
diabéticos.
· Sendo altamente remineralizante,
sobretudo pelo seu conteúdo em ferro e magnésio, é indicado para a anemia e
menstruações abundantes.
· O seu conteúdo em vitaminas do grupo B,
tornam-no também especialmente indicado para situações de stress e de
ansiedade. Podemos utilizá-lo para reforçar a memória e a serenidade mental –
“quando tiveres dúvidas come millet, porque o millet ilumina-te” – este ditado
antigo espanhol, evidencia a propriedade do millet em clarificar a mente,
ajudando a tomar decisões. Contribui para um pensamento criativo e maior
simpatia para com os outros.
· Para a Medicina Tradicional Chinesa,
como cereal yang, é indicado em todas as desordens yin, harmonizando o
funcionamento do estômago, baço e pâncreas, sendo também ideal para reforçar o
sistema imunitário, na gravidez e no aleitamento, bem como nas alterações
hormonais.
O MILLET NA COZINHA
·
Do facto da sua pequena dimensão e
compactidade, o millet raramente é partido ou fragmentado, podendo, contudo,
ser transformado em farinha e utilizado no forno, transformado em flocos ou ser
tufado.
·
É um cereal bastante versátil, podendo
ser utilizado em doces ou salgados: pápas/cremes de pequeno-almoço, sobremesas,
sopas, empadões, purés, croquetes, hambúrgueres, estufados, saladas, massa para
pão, tufado, misturado com outros cereais, … Partido, dá-se-lhe a forma de
galetes cozidas no forno.
·
Para tornar o seu centro mais energético
(yang) e fazer sair o seu delicioso perfume a avelã, deve tostar-se a seco numa
sertã durante 5 minutos até que fique ligeiramente doirado (não queimado). Mas
mesmo sem tostar é igualmente muito agradável.
·
Ao não conter glúten, não é panificável,
mas presta-se para fazer pudins/pastéis (budines), croquetes e
hambúrgueres, porque os grãos uma vez cozinhados “ligam-se” entre si sem
necessidade de se adicionar farinha e/ou ovos.
·
Devido às suas proteínas de alta
qualidade, os nossos antepassados nas sextas-feiras santas da Quaresma, quando
praticavam a abstinência da carne, comiam millet como substituto. Também foi o
alimento fundamental na Espanha dos conquistadores.
·
Em dietas terapêuticas, é aconselhável
consumi-lo na forma de cremes – preparado com quatro partes de água para uma de
cereal.
·
Pode – e deve - ser consumido durante todo
o ano, mas, o facto de crescer em climas mais frios, aquece muito o organismo e
o seu consumo é muito benéfico no Outono e no Inverno – com excepção da
variedade “millet glutinoso”, com características bastante amargas e de cor
mais esbranquiçada, que é ideal para o Verão. O nome desta variedade vem da sua
consistência “glutinosa ” - não causa alergia quando há intolerância ao glúten,
pelo facto de também não conter glúten.
·
É particularmente benéfico para os
estudantes em épocas de exames e para crianças propensas à diabetes. É
particularmente indicado na primeira infância, pela reduzida dimensão dos seus
grãos, podendo ser utilizado em grão, farinha e flocos. Óptimo alimento na
convalescença infantil e na preparação de polenta, cremes de vegetais e
deliciosas sobremesas de fruta.
AUTORES DE REFERÊNCIA
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Aveline e Micho Kushi
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Clara Castellotti
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Elena Corrales
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Jorge Pérez-Calvo Soler
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Lourenço Azevedo
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Rui Rato
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Simon G. Brown
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